quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Com 1 jogo a cada 2,8 dias, Maracanã 'supera' estádios brasileiros e europeus e tem problemas no gramado

A , o Maracanã vai receber nada menos do que quatro partidas nos próximos cinco dias...

  • Por Felipe Lyra, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br- espn.com.br

Com 1 jogo a cada 2,8 dias, Maracanã 'supera' estádios brasileiros e europeus e tem problemas no gramado
A reclamação do goleiro Jefferson após o empate entre Botafogo e Vasco, no último domingo, reabriu a discussão sobre o estado do gramado do Maracanã, que apresentou danos nos jogos do final de semana, sobretudo nas duas áreas.
E não é difícil de entender o porquê. Em 92 dias desde o primeiro jogo entre clubes do novíssimo estádio carioca - Fluminense 1x3 Vasco, no dia 21 de julho - foram nada menos que 33 partidas disputadas (sem contar a Copa das Confederações). Uma média de um jogo a cada 2,78 dias. O número supera com grande vantagem as principais arenas brasileiras e europeias.
Agrônomo Paulo Azeredo observa uma das máquinas de manutenção
Palco do duelo entre Flamengo e Botafogo nesta quarta-feira, pela Copa do Brasil, o Maracanã vai receber nada menos do que quatro partidas nos próximos cinco dias. Além do clássico, vai abrigar Vasco x Goiás (quinta), Botafogo x Atlético-MG (sábado) e Fluminense x Vitória (domingo).
Na última segunda-feira, a GreenLeaf, empresa responsável pelos gramados dos seis estádios já prontos para a Copa do Mundo- 2014, repôs exatamente a parte do campo do Maracanã que apresentava maiores problemas. O "reforço" veio de uma fazenda em Saquarema, na Região dos Lagos do estado do Rio, e seu plantio já estava previsto mesmo antes do clássico de domingo.
"A grama veio quase igual à que vínhamos tratando aqui, a nível de cor e de altura de corte. Trabalhamos quase três semanas para deixar como queríamos, e amanhã (durante o clássico entre Flamengo e Botafogo) os jogadores já terão uma surpresa. Inclusive o Jefferson, que vai estar aí e vai gostar (risos)", garantiu Paulo Azeredo, engenheiro agrônomo da GreenLeaf, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br e aos canais ESPN.
Sobrecarga
"Casa" de Corinthians e Palmeiras e também tendo recebido partidas do Santos em 2013, o Pacaembu, em São Paulo, sequer se aproxima do número de jogos que o Maracanã tem recebido. O estádio paulista teve 19 partidas nos últimos 92 dias, uma média de uma a cada 4,8 dias. Desde a abertura do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Bragantino, no dia 20 de janeiro, foram 55 jogos em 274 dias, ou um a cada 4,9 dias.
Segundo estádio de Copa do Mundo com mais utilização em 2013, o Mineirão apresenta números ainda menores. Desde o clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG do dia 3 de fevereiro, foram 25 partidas disputadas, menos do que o Maracanã teve só desde o dia 21 de julho. A média até o momento é de um jogo a cada 7 dias. Caso a programação do Campeonato Brasileiro não sofra alterações, o estádio mineiro terminará o ano com 29 jogos espalhados ao longo de 302 dias - um a cada 10,4 dias.
  Primeiro jogo em 2013 Nº de partidas Média Maracanã 21 de julho 33 2,78 dias/jogo Pacaembu 20 de janeiro 55 4,9 dias/jogo Mineirão 3 de fevereiro 25 7 dias/jogo
Em comparação com estádios europeus, a sobrecarga do Maracanã também mostra-se grande. Dividido por Milan e Inter de Milão, o San Siro, na Itália, recebeu 53 jogos ao longo dos 283 dias da temporada 2012/2013. Uma média de um jogo a cada 5,35 dias. A Allianz Arena, dividida por Bayern de Munique e 1860 Munique, recebeu 13 jogos nos últimos 82 dias, desde o início da temporada 2013/2014. No mesmo período, o Maracanã recebeu quase o triplo: 32 jogos.
Azeredo lamenta a sobrecarga que lhe acompanha desde antes do fechamento do Engenhão, cujo gramado também era tratado pela GreenLeaf. Mas o engenheiro defende a qualidade geral do campo do Maracanã.
"Esse é o nosso grande problema, a sobrecarga grande de jogos. Infelizmente, com o fechamento do Engenhão, o problema que nós tínhamos lá se reverteu pra cá. Aqui ainda temos condições bem melhores que no Engenhão, até pelo trato diário, muito trabalho com equipamentos moderníssimos... isso ajuda muito. O gramado é muito bom fora as áreas que refizemos. O fundamental é o nivelamento, que está muito bom. Às vezes a cor não está tão bonita, mas a bola está rolando, e isso é o que prezamos. A área do goleiro é uma área que normalmente sofre mais. Fizemos essa troca, trouxemos a grama de Saquarema, de um viveiro que manteremos até a Copa. Planejamos, e conseguimos fazer, afirmou.
Garantia de qualidade na Copa
Se a preocupação com a qualidade do campo durante o Campeonato Brasileiro existe, ela naturalmente não é maior do que o zelo em relação à Copa do Mundo. Azeredo, no entanto, se diz tranquilo. Prestes a entrar na estação mais proveitosa para o "amadurecimento" da grama - o verão -, o agrônomo aposta no trabalho durante os períodos de paralisação para garantir um gramado em ótimo estado para a principal competição de futebol do planeta.
"A gente está saindo da pior época do ano, que é o inverno. A grama cresce mais lentamente, a recuperação é mais devagar. Agora estamos na primavera, vamos entrar no verão, e ela vai se recuperar bem. Como todo final de ano teremos um intervalo de pelo menos 30 dias, e vamos fazer um tratamento como fizemos no Engenhão, que estava espetacular. A fazenda vai ficar de stand-by se necessário até a Copa. Antes, teremos três semanas sem jogos, para fazer procedimentos para a Copa. O que eu afirmo é que é um gramado novo, que depois do verão vai estar mais maduro, mais enraizado, vai suportar mais a quantidade de jogos. No inverno, logo depois que plantamos, ele sofreu muito", reconheceu.
Outra "arma" é a fazenda em Saquarema. Azeredo revelou que possui mais de um campo inteiro à disposição para eventuais replantios, embora garanta que só reporá o que for estritamente necessário.
"Nós temos uma área lá que dá para replantar o campo inteiro se quiser. Mas isso está fora de cogitação. A gente esteve com o COL, e eu mostrei para eles que agora que vamos ter um gramado maduro, que vai chegar na Copa com um ano, não tem o menor sentido tirar para botar um novo. Esse gramado veio trabalhado, e salvo um evento que viesse a danificar não tem por que trocar. As trocas pontuais podem acontecer, mas eu garanto que nós temos a mesma quantidade que tínhamos para plantar quando plantamos, em março", explicou, antes de deixar bem clara a importância do Maracanã dentro dos planos para a Copa.
"O Maracanã tem que ser o melhor. O Maracanã não é estádio, é celebridade. É diferente", concluiu.

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