sábado, 26 de outubro de 2013

BARÇA X REAL

Ícone merengue, Di Stéfano acendeu a rivalidade entre Barça e Real Madrid

Clubes disputaram passe do jogador no início dos anos 50 explodindo uma rivalidade até então inexistente entre culés e merengues

Por Redação PLACAR 26/10/2013
Disputa pelo passe de Di Stéfano fez com que a rivalidade entre merengues e culés explodisse
Disputa pelo passe de Di Stéfano fez com que a rivalidade entre merengues e culés explodisse / Crédito: Reprodução
Barcelona e Real Madrid se enfrentam neste sábado pela 10ª rodada do Campeonato Espanhol. "El clasico" espanhol é considerado um dois maiores e mais representativos do mundo e um dos raros a não envolver clubes da mesma cidade. Poucos sabem, mas tal rivalidade foi desencadeada pela habilidade de um jogador. Um jogador não, um mítico atleta, considerado por muitos o maior da história do futebol.
Alfredo Di Stéfano, a "Flecha Loira", um gênio da bola, atuava na liga "pirata" da Colômbia, não reconhecida pela Fifa, pelo Millionarios, de Bogotá, naqueles idos de 1950 e poucos. Em um amistoso contra o Real Madrid, na capital espanhola, em 1952, o argentino encantou os dirigentes merengues - e também os rivais do Barcelona, que contavam com olheiros na partida. O Barça, então, resolveu ir atrás do craque, partindo para uma negociação com o River Plate, clube que, legalmente, era dono de seu passe. O Real, por sua vez, tratou diretamente com os colombianos a transferência do atleta para Madri. Começava aí uma história que mudaria os rumos do futebol espanhol.
O craque argentino, em meio a esse imbróglio, partiu para Catalunha, onde posou com o uniforme blaugrana e chegou a disputar alguns amistosos pelo Barça. O ambiente esportivo na Espanha, porém, confundia-se com o político e aquele início de década de 50 era tempos de ditadura militar. Tempos de General Franco no poder. E quem dava as cartas nas políticas voltadas ao esporte era a Delegação Nacional de Desporto. Esta, em uma medida que prejudicava claramente o Barcelona, baixou uma portaria que proibia a contratação de jogadores estrangeiros no verão de 1953, justamente no ano em que Di Stéfano chegou a Barcelona.
Rapidamente, então, o Barça agiu. Para não ficar no prejuízo, decidiu vender o craque à Juventus, de Turim. Outra medida, então, foi definida pelos dirigentes que ditavam as regras no futebol espanhol, ligados aos mandos e desmandos do General Franco. Buscando uma solução que pudesse contemplar de forma positiva o Real Madrid nesta polêmica que envolvia o passe do futebolista portenho, uma estranha e inédita deteminação se fez.
Definiu-se que Di Stéfano jogaria duas temporadas no Real Madrid e outras duas no Barcelona, de forma intercalada - cada ano, atuaria em um clube. Era uma determinação que prejudicava claramente os culés. Para a surpresa destes, no entanto, o presidente do Barça, Martí Carretó, aceitou o acordo (teria sido coagido?), que também foi referendado por Santiago Bernabéu, presidente merengue. O pacto pegou mal na Catalunha e Carretó teve que pedir a renúncia da presidência do clube. A comissão gestora que assumiu a direção, então, pouco depois, anunciou que renunciava ao passe do craque argentino - em que condições esta "renúncia" se deu, não se sabe: para os merengues, a diretoria do Barcelona foi incompetente; para os culés, foi pressionada pelo Regime.
Findada a novela, o futebol espanhol nunca mais seria o mesmo. Até aquela data, o Real Madrid era um time inexpressivo. Sequer era o maior da cidade - tinha menos títulos que o Atlético de Madri, apenas dois Nacionais, contra quatro do rival local -  e amargava uma fila de 20 anos sem levantar troféus. O Barça era o maior vitorioso, com seis Campeonatos Espanhóis. Porém, com Di Stéfano em suas fileiras, o Real Madrid, em 11 temporadas, venceu oito Ligas e cinco Copa dos Campeões, tornando-se o maior clube da Europa. "A história do Real Madrid começa, de fato, com a vinda de Di Stéfano", afirmou, certa vez, Emílio Butragueño, ex-jogador da equipe de Madri.
Os catalães nunca se conformaram com esta história. E a rivalidade entre os clubes, antes morna, passou a ferver. A ida de Di Stéfano para o Real Madrid, para os merengues, representa uma benção, uma mudança de patamar de pequeno para gigante. Para os culés, foi um roubo, o maior da história do futebol.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.