quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Tão perto do fracasso, França chega fortalecida ao Mundial

Ribéry puxa a fila na festa pela Copa em Saint-Denis (AP Photo/Michel Euler) 
 
Ribéry puxa a fila na festa pela Copa em Saint-Denis (AP Photo/Michel Euler)

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O sofrimento foi bem maior do que qualquer francês esperava. Ainda assim, o milagre aconteceu, em meio a um mar de bandeiras tricolores no Stade de France. Por mais que a seleção de Didier Deschamps não convença os torcedores, os Bleus vibraram no duelo contra a Ucrânia e estarão na Copa do Mundo. Uma equipe que indica possuir força suficiente para chegar às fases decisivas da competição, mas que precisa se convencer disso. Como tem sido, aliás, o histórico dos franceses no Mundial.
Depois da preocupante derrota por 2 a 0 em Kiev, a França demonstrou uma vontade notável. Consciente da missão duríssima que tinha pela frente, a equipe partiu para cima desde os primeiros minutos de jogo. Criou chances suficientes para vencer por 3 a 0, mas podia até ter marcado mais vezes. E não dependeu nem mesmo de ajuda da arbitragem, como no famoso toque de mão de Thierry Henry contra a Irlanda em 2009. O assistente errou ao anular um gol de Karim Benzema, mas ‘consertou’ a bobagem ao validar o tento impedido do centroavante minutos depois.
Autor de dois gols, Mamadou Sakho foi quem mais apareceu no final das contas. Porém, todos os franceses pareciam dispostos a ajudar o time: as finalizações do time foram divididas entre dez jogadores da equipe, nove deles titulares – Raphael Varane, Bacary Sagna e Hugo Lloris foram as exceções. Uma participação que contrariou o “toca para o Ribéry que ele resolve”, que tanto imperou nos últimos tempos.
Resta saber se a fase esplendorosa do craque fará a França escapar de sua sina em Copas. Exceção feita a 1938, quando o torneio era disputado apenas em mata-matas, ou os Bleus foram um fracasso ou um sucesso no Mundial, sem meio termo: sete vezes morreram na primeira fase, em outras cinco chegaram ao menos em semifinais. Coincidência ou não, em todas as boas campanhas, o país contava com Just Fontaine, Michel Platini e Zinedine Zidane, seus três maiores craques na história.

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A questão maior não é se Ribéry irá se equiparar aos grandes gênios da seleção francesa, mas se haverá uma estrutura boa o suficiente para que o craque brilhe no Mundial. Didier Deschamps evoluiu um pouco em relação aos seus primeiros meses de comando, embora o time siga deficiente em vários pontos. Além disso, a França tem uma predisposição à crise. Foi por causa do ambiente turbulento que a equipe implodiu tanto na Copa de 2010 quanto na Euro de 2012. Contornar esses problemas de vestiário, que pipocam quando menos se espera, será fundamental.
O comprometimento demonstrado em Saint-Denis pode ser um sinal de que a calmaria virá aos Bleus. Talento não falta à disposição. O ataque tem boas peças tanto para servir de referência (Benzema, Giroud) quanto para arrancar pelas pontas (Ribéry, Nasri, Valbuena, Payet). O meio de campo possui força física e qualidade no passe (Pogba, Matuidi, Sissoko, Cabaye). Os laterais são confiáveis, ainda que o miolo de zaga precise de um acerto. E o goleiro é competentíssimo.
Um time completo que, pelo menos no papel, não deixa muito a desejar aos grandes favoritos no Mundial. Falta encaixá-lo e fazê-lo render com constância, como aconteceu contra a Ucrânia. Se Didier Deschamps criar uma liga, mesmo sem um gênio do porte de Zidane, a França pode chegar outra vez às semifinais. Para tanto, precisa aprender com as lições para que o fracasso comum nos últimos anos não se repita no Brasil, onde o país já deverá enfrentar um grupo duro por não ser cabeça de chave. O futuro é tempestuoso e, ao mesmo tempo, com chances de bonança.

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