quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Ministério Público de Minas Gerais denuncia ex-presidente do Cruzeiro e mais oito pessoas

Entrevista coletiva do Cruzeiro para comentar as denúncias de irregularidades; Wagner Pires de Sá e Itair Machado — Foto: Frederico Ribeiro

Denúncia trata de crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa; prejuízo ao clube é de aproximadamente R$ 6,5 milhões

O Ministério Público de Minas Gerais denunciou nesta quinta-feira três ex-dirigentes do Cruzeiro (Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato) e mais seis pessoas (um ex-assessor de futebol do clube, três empresários, um ex-presidente do Ipatinga Futebol Clube e o pai de um atleta das categorias de base do Cruzeiro). Agora, a denúncia será avaliada por um juiz, que pode aceitá-la ou não.

A denúncia, apresentada pela 11ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte, trata de crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Segundo levantamento do MPMG, o prejuízo causado ao Cruzeiro é de cerca de R$ 6,5 milhões.

O Ministério Público pede a condenação dos investigados. Além disso, que seja fixada indenização ao clube, a título de dano moral coletivo, dano à imagem, com o pagamento do valor do prejuízo apurado, ou seja, R$ 6,5 milhões.

A nota divulgada pelo MPMG não cita nomes, mas o ge apurou que eles são, além dos citados acima, os empresários Wagner Cruz, Carlinhos Sabiá e Cristiano Richard, Christiano Polastri Araújo (ex-presidente do Ipatinga), Fabrício Visacro (ex-assessor de futebol), e Ivo Gonçalves, pai de Estevão William, de 12 anos, apelidado de Messinho, e que teve parte dos direitos envolvidos pelo clube no pagamento de dívidas com o empresário Cristiano Richard.

Mais informações sobre a denúncia só serão divulgadas após decisão sobre levantamento de sigilo de medidas, dados e informações que ainda estão em segredo de justiça.

As investigações prosseguem. Outros fatos são apurados pelas autoridades, entre eles contratos em nome do Cruzeiro com pessoas e empresas ligadas a dirigentes e conselheiros, que seria proibido pelo estatuto do clube em relação ao recebimento de remuneração.

“Forma de angariar apoio à gestão e impedir/dificultar a atuação dos mecanismos de controle e concessão de ‘vantagens a terceiros, especialmente ligados a torcidas organizadas do clube, com o propósito de angariar apoio à gestão’; visando à identificação integral dos envolvidos, beneficiários finais e valores auferidos” - diz a nota enviada pelo MPMG.

As denúncias

O ex-presidente Wagner Pires de Sá foi denunciado pelos crimes de falsidade ideológica, apropriação indébita e formação de organização criminosa.

O ex-vice-presidente-executivo de futebol Itair Machado foi denunciado por lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa.

O ex-diretor-geral Sérgio Nonato responderá por integrar organização criminosa e por apropriação indébita.

Os três empresários são acusados de integrar organização criminosa e apropriação indébita, sendo que dois deles ainda responderão por lavagem de dinheiro.

O pai do atleta das categorias de base do Cruzeiro responderá pelo crime de falsidade ideológica.

O ex-presidente do Ipatinga foi denunciado por lavagem de dinheiro.

O ex-assessor de futebol do Cruzeiro por apropriação indébita.

Posição dos denunciados

Procurados, Wagner Pires de Sá e Itair Machado não atenderam às ligações da reportagem. Sérgio Nonato ainda não sabia da denúncia e pediu para procurarmos seu advogado. Leonardo Bandeira, advogado de Serginho, ressaltou que só vão se pronunciar após a decisão do juiz.

- A gente não pode esquecer, por exemplo, que teve um pedido de bloqueio de bens do Sérgio e o juiz não deferiu. Vamos esperar pra ver qual é a decisão do juiz para a gente poder se posicionar. Mas enquanto eu não tiver acesso à denúncia do MP, infelizmente, eu não posso te falar nada - disse Bandeira.

Ivo Gonçalves, pai de Messinho, também não estava ciente da denúncia. Ele afirmou que vai conversar primeiro com seu advogado e preferiu não se pronunciar. Cristiano Richard não sabia da denúncia e pediu para ligar mais tarde. Wagner Cruz, Christiano Polastri Araújo e Fabrício Visacro não foram localizados.

* Errata - A reportagem havia citado João Ramalho como um dos denunciados, mas, na verdade, trata-se de Carlinhos Sabiá.

Por Globo Esporte

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