Ameaçado há um ano, presidente celeste muda estilo e cai no gosto da torcida

Do UOL, em Belo Horizonte
Torcida cruzeirense chega ao Mineirão para duelo contra o Grêmio, que pode dar o título ao clube mineiro MARCUS DESIMONI / UOL
 
Há um ano, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, denunciou, em entrevista, que estava recebendo ameaças, por telefone, feitas por supostos torcedores do clube. Agora, com o título brasileiro quase assegurado, o mandatário estrelado é apontado pela torcida da equipe como um dos grandes responsáveis pela campanha vitoriosa e que deve culminar com o título brasileiro.
"Não foi nenhum milagre, foi uma coisa planejada e que só pôde acontecer no momento que recuperamos as finanças do clube e enxugamos as contas da casa", comentou Gilvan Tavares, que admite a importância do momento da venda do argentino Montillo ao Santos. "Só vendemos o Montillo no momento em que vislumbramos a montagem do time para esta temporada, para ter os valores econômicos para investir nos jogadores que encorparam o elenco", acrescentou.
Coincidindo com esse período, Gilvan Tavares, que assumiu o Cruzeiro em situação delicada no início de 2012 e conseguiu reestruturar a equipe em dois anos, teve acentuada mudança de postura. Ele ficou mais discreto, evitando a maior exposição pela mídia e também minimizando o tom polêmico de suas declarações.
No ano passado ele costumava aparecer bastante em público e servia até como um escudo para o elenco, já que conviveu com muitas críticas no início de seu mandato. Ele não temia a imprensa e adorava dar entrevistas, acabava entregando alguns planos e falava quase tudo o que pensava.
Nesta temporada, à medida que o sucesso da equipe ia aumentando em campo o presidente adotava uma postura mais retraída e resguardada, falando menos com a imprensa. Ao contrário do ano passado, quando o presidente revelava planos e iniciativas, além de fazer críticas públicas ao trabalho de Celso Roth, treinador da equipe no Brasileirão, o dirigente manteve em sigilo boa parte das negociações, como no caso de Júlio Baptista, Diego Souza e até mesmo a vinda de Willian.
Agora, dificilmente ele tem atendido os jornalistas pelo telefone e tem evitado os holofotes. Essa foi uma postura pessoal do mandatário, sem interferência ou indicação de assessoria ou algo do tipo. Somente agora com a conquista cada vez mais próxima do título ele tem concedido algumas entrevistas, mas sempre agendadas e programadas e com declarações mais comedidas.
Depois de ouvir muitos protestos, ele já faz sucesso com os torcedores e é muito assediado quando vai aos jogos e no próprio aeroporto, quando viaja junto com o time. Seu trabalho de reestruturação é apontado por todos que trabalham no clube como fundamental para a conquista do sucesso cruzeirense.
Depois de pegar o Cruzeiro em uma situação que não tinha dinheiro nem para pagar salários no primeiro mês do seu mandato, ele enxugou a folha, encurtou os gastos e montou um time com pés no chão para apenas fazer uma campanha digna no Brasileirão de 2012, sem correr o risco de cair para a segunda divisão.
Com a volta do Mineirão tinha um projeto ambicioso de montar um elenco vitorioso que brigasse pelas primeiras posições e apostava também no crescimento do programa sócio torcedor. A primeira escolha acertada para a temporada foi a contratação de Marcelo Oliveira, mentor da equipe que está prestes a conquistar o tricampeonato.
Mesmo com muitos protestos dos torcedores, ele bancou o técnico e adotou uma postura firme na frente da imprensa. O treinador mostra gratidão. "O nosso presidente é quem comanda tudo, então é fundamental nesse processo. Em relação à minha contratação, ele sempre deu apoio e suporte em todas as conversas que tivemos", disse Marcelo Oliveira.
O gerente de futebol Valdir Barbosa, que já estava no clube desde a administração passada de Zezé Perrela, valoriza o trabalho do mandatário nessa reconstrução do clube.
"Em 2011 e 2012 tivemos momentos ruins e já em 2012 o Gilvan era o presidente e ele aproveitou o ano para dar uma coordenada no clube, implantar a sua forma de administrar e em 2013 ele entrou com uma política bastante agressiva em termos de contratação e montagem de elenco visando a conquista de um título importante", afirmou.
Valdir Barbosa reconhece que o projeto até superou a expectativa inicial. "Montou-se uma equipe muito forte, de qualidade, técnica boa, a gente nunca pode garantir que não vai dar certo logo no primeiro ano, mas a intenção era pelo menos buscar uma vaga na Libertadores e acaba que a gente caminha a passos largos para ser campeão", destacou.

Após uma temporada de muitas críticas, o presidente poder ter o desfecho ideal com a conquista do tricampeonato brasileiro, nesta quarta-feira, às 21h50, no Barradão, quando o Cruzeiro enfrenta o Vitória precisando de um triunfo para garantir a taça. Porém, um tropeço do Atlético-PR também dá o título aos mineiros.