segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Avião cai no Bairro Caiçara, em Belo Horizonte

Reprodução
Estado de Minas

Uma aeronave caiu sobre três carros no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (21). Segundo o corpo de bombeiros, a queda, que ocorreu na Rua Minerva, no trecho situado entre as ruas Nadir e Rosinha Sigaud, deixou ao menos três mortos e três feridos. O avião de pequeno porte modelo SR 20 Cirrus Design havia acabado de decolar do Aeroporto Carlos Prates, tripulado pelo piloto e três passageiros.

De acordo com o coronel Erlon Botelho, chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros, um dos mortos estava dentro do avião e os outros dois estariam um em um carro estacionado e na calçada.Ainda segundo o coronel, o piloto estaria entre os sobreviventes. "Quando chegamos ao local, nos deparamos com um incêndio. Existe a suspeita de que uma das vítimas seja um pedestre. Um dos mortos era ocupante de um dos carros. Os demais veículos estavam vazios. Os três feridos já foram devidamente medicados e socorridos em hospitais da região metropolitana”, explicou o militar.

O coronel disse ainda que uma equipe do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), no Rio de Janeiro, já está a caminho de Belo Horizonte. Segundo apurou o Estado de Minas, o monomotor tinha sido vendido e o piloto estava indo entregá-lo em Ilhéus, na Bahia. Os passageiros estavam de carona na viagem.

A caminho do local do acidente, a reportagem flagrou o momento em que dois carros da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) passaram por um grupo de moradores, que gritaram que o aeroporto Carlos Prates precisa ser fechado. Vários pontos próximos às ruas Minerva, Rosinha Sigaud e Nadir estão interditados. Na academia próxima ao local, apenas o fornecimento de energia elétrica foi comprometido. O imóvel deve ser vitoriado pela Defesa Civil.

Pânico

Morador da Rua Minerva há 45 anos, o aposentado Antônio Aderilton, de 75, viveu momentos de pânico dentro de casa. “Eu estava na mesa do café quando ouvi o barulho. Saímos correndo muito assustados, eu e minha esposa. Pensamos que fosse um posto de gasolina que tivesse estourado. Foi um barulho completamente diferente do que estamos acostumados a ouvir”, contou.

O casal saiu da residência pra ver o que havia ocorrido, mas foi surpreendido pelas chamas, que os impediram de se aproximar mais. Ele lembrou dos outros acidentes ocorridos na região e falou da sorte que tiveram. “Tinha acabado de fazer uma oração pedindo a proteção divina e foi o que aconteceu, Ele me deu essa proteção. Jamais passei tamanho susto”, comentou.

A advogada Maria Elisa Silva de 59 anos, que mora na Rua Francisco Bicalho, paralela à Minerva, convive angustiada com os pousos e decolagens das aeronaves, que segundo ela, sobrevoam sua casa a uma altura muito baixa. Ela que já vivenciou a queda do avião de pequeno porte em abril deste mesmo ano, conta que para os moradores do bairro, o drama é diário. “ Isso aí é uma tragédia que vai acontecer todo dia, todos os dias esses aviões passam muito baixo, já fiz contato com a Infraero e não tomam providência e é desesperador porque a gente fica esperando quando e onde vai ser a próxima queda. Na minha casa todos estão com muito medo, o bairro é residencial e não comporta esses aviões, eu já liguei já conversei e eles pedem para filmar, vamos ter que filmar quando cai, é absurdo", relata.

Dardanya Oliveira, 32 anos, é dona de um dos carros atingidos pelo avião que caiu no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte. Ela trabalha como educadora física em uma academia na rua onde o acidente ocorreu e contou o que viu. Assista:



Histórico
A rua Minerva, no Bairro Caiçara, foi palco de outro acidente envolvendo uma avião em 13 de abril deste ano. Na ocasião, a aeronave de modelo francês Socata ST-10 Diplomate bateu em um poste, nas proximidades do número 405, em meio a dezenas de moradias. A colisão deixou um morto - o médico Francisco Fabiano Gontijo, de 47 anos, instrutor de voo e experiente piloto. Carbonizado, o corpo teve que ser identificado pelo IML por meio de exames de arcada dentária e impressão digital.

A queda arrastou parte da fiação da via, que ficou interditada por dois dias. O episódio deixou moradores e comerciantes apreensivos. Como se não bastassem as aeronaves que passam rasantes sobre casas, apartamentos e pontos de comércio, a apreensão da comunidade local se intensifica quanto às condições das máquinas que sobrevoam a localidade, diante da constatação de que o monomotor que caiu, fabricado em 1971, cruzava os céus no último sábado com a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) vencida desde janeiro.

Infraero se pronuncia

A Infraero, responsável pela operação do Aeroporto Carlos Pratos divulgou uma nota sobre o acidente. Segundo a empresa, o terminal obedece os requisitos de segurança. Leia na íntegra:

“A Infraero lamenta o acidente, às 8h30 desta segunda-feira (21/10), com a aeronave Cirrus SR 20, prefixo PR-ETJ, que vitimou três pessoas e deixou outras três feridas, instantes após a decolagem do Aeroporto Carlos Prates (MG) para o Aeroporto de Ilhéus (BA). A empresa destaca que, ao ser acionada, mobilizou toda estrutura de emergência e socorro que atende ao aeroporto. Sobre as causas do acidente e demais detalhes sobre o operador da aeronave, sugerimos o contato com o Centro Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A Infraero destaca ainda que o Aeroporto Carlos Prates opera dentro de requisitos de segurança estabelecidos nas normas da aviação civil brasileira.”

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