sábado, 19 de outubro de 2013

Balanço: como foram as Eliminatórias Sul-Americanas

Messi deslanchou com a camisa da Argentina e foi decisivo nas Eliminatórias (AP Photo/Andre Penner) 
 
Messi deslanchou com a camisa da Argentina e foi decisivo nas Eliminatórias (AP Photo/Andre Penner)

Por Gabriel Dudziak 18/10/2013
Trivela 
Argentina
Posição final: Desempenho: 16 jogos (9 vitórias, 5 empates e 2 derrotas) / 35 gols marcados, 15 sofridos Sistema tático: 4-3-3 / 4-3-1-2 Técnico: Alejandro Sabella Principal jogador: Lionel Messi (A) Goleador: Lionel Messi (A) – 10 gols Nota para a campanha: 10
Melhor ataque, segunda melhor defesa e melhor jogador do mundo. A Argentina sai das Eliminatórias para a Copa do Mundo fortalecida. Após uma Copa América terrível sob o comando de Sérgio Batista a albiceleste se acertou sob o comando de Alejandro Sabella. Ao armar a equipe com um esquema tático variável entre 4-3-3 e 4-3-1-2 o treinador encontrou o equilíbrio entre ataque e defesa a partir do potencial das peças implementadas. Messi está livre para jogar onde quiser. Higuaín e Aguero carregam o time à frente e marcam os gols, enquanto Mascherano e mais um seguram a bronca para Di Maria ir e vir. Até mesmo a defesa, sempre tão criticada, se acertou com Romero, Garay, Zabaleta e Fernández. Falta à Argentina apenas achar formas de jogar quando Messi não render tudo que pode. De toda a forma, a albiceleste é favorita à Copa. Já era fora de campo, mas agora também é dentro.

Colômbia
Posição final: Desempenho: 16 jogos (9 vitórias, 3 empates e 4 derrotas) / 27 gols marcados, 15 sofridos Técnicos: Leonel Álvarez e José Néstor Pékerman Sistema tático: 4-2-3-1/4-1-4-1 Principal jogador: James Rodríguez (M) Goleador: Falcao García (A) – 9 gols Nota para a campanha: 8
James é um dos condutores da excelente fase dos Cafeteros
James é um dos condutores da excelente fase dos Cafeteros
A Colômbia não ia a uma Copa do Mundo desde 1998, quando ainda tinha Valderrama, Asprilla e companhia. Por isso o feito de José Néstor Pékerman e dos jogadores cafeteros deve ser muito exaltado. Até porque o início de Eliminatórias foi titubeante. Sob o comando de Leonel Álvarez o time era inconstante e as peças não rendiam. Quando Pékerman chegou as coisas começaram a se acertar. Primeiro com três zagueiros e liberdade para Armero e Zuñiga, depois com Carlos Sánchez sendo o primeiro volante capaz de manter os dois alas como potências ofensivas. Este equilíbrio e variação entre esquemas permitiu até mesmo que o talentoso, mas pouco intenso Macnelly Torres ganhasse a titularidade. Ele e James Rodríguez criaram e concluíram para levar a Colômbia à frente. A vitória por 4 a 0 contra o Uruguai em Barranquilla foi a confirmação de que a seleção caminhava a bom termo, noção ratificada depois com triunfos contra Chile e Equador e empate com a Argentina.

Chile
Posição final: Desempenho: 16 jogos (9 vitórias, 1 empate e 3 derrotas) / 29 gols marcados, 25 sofridos Técnicos: Cláudio Borghi/Jorge Sampaoli Sistema tático: 3-4-3/3-4-1-2 Principal jogador: Alexis Sánchez (A) Goleador: Eduardo Vargas (A) e Arturo Vidal (V) – 5 gols Nota para a campanha: 7
Vidal e Vargas, destaques na seleção de Sampaoli
Vidal e Vargas, destaques na seleção de Sampaoli
Até 2007 a seleção chilena de futebol era conhecida por talentos individuais esporádicos e nenhuma identidade. Dependendo da geração a equipe era muito defensiva ou muito ofensiva. Naquele ano a situação mudou, e o responsável foi o argentino Marcelo Bielsa. Com ele, La Roja passou a ter um jeito de jogar muito claro e, principalmente, de protagonismo. Por isso a saída de El Loco após a Copa do Mundo de 2010 gerou grandes dúvidas na sequência para a seleção chilena. Dúvidas que eram justificadas. Cláudio Borghi não conseguiu nem manter o que era feito e dar gênese a algo novo, de forma que a Federação Chilena decidiu mudar de rumo já no segundo turno das eliminatórias, trazendo Jorge Sampaoli da Universidad de Chile.
Sampaoli não é discípulo de Bielsa pois nunca trabalhou com ele, mas estudou a fundo todos os métodos e trabalhos táticos de El Loco, de forma que tudo fluiu de maneira muito natural depois de sua chegada à La Roja. Depois de uma derrota para o Peru em Lima o time chileno engatou quatro vitórias consecutivas, que somadas ao empate por 3 a 3 com a Colômbia fora de casa garantiram a equipe na Copa do Mundo de 2014. A expectativa é de um desenvolvimento ainda maior para a sequência da preparação com 3-4-3 de alta pressão dando ainda mais resultados com Valdívia como falso nove.

Equador
Posição final: Desempenho: 16 jogos (7 vitórias, 4 empates e 5 derrotas) / 20 gols marcados e 16 sofridos) Técnico: Reinaldo Rueda Sistema tático: 4-2-3-1/4-4-2 Principal jogador: Jeff Montero (A) Goleador: Felipe Caicedo (A) – 7 gols Nota para a campanha: 6
Felipe Caicedo (dir.) e Antonio Valencia são talentos do exterior do Equador (AP Photo/Matilde Campodonico)
Felipe Caicedo (dir.) e Antonio Valencia são talentos do exterior do Equador (AP Photo/Matilde Campodonico)
Depois de emendar participações nas Copas de 2002 e 2006 o Equador ficou fora do Mundial de 2010. Para dar um novo rumo à sua equipe, a federação equatoriana de futebol decidiu trazer um especialista em seleções: o colombiano Reinaldo Rueda, com passagens pelo escrete da Colômbia e também o responsável por levar Honduras à sua primeira Copa do Mundo. Os primeiros meses não foram bons, já que a campanha de La Tri na Copa América foi sofrível. Mas, aos poucos, Rueda achou dentro das possibilidades um dos melhores times da história recente do país.
Aos experientes Walter Ayoví, Segundo Castillo, Antonio Valencia e Edison Méndez ele uniu os jovens Jeff Montero, Joao Rojas, Felipe Caicedo e Juan Paredes para formar um Equador imbatível dentro de casa. O fator altitude pesa, claro, mas o jeito de o time jogar também explica que 22 dos 25 pontos conquistados tenham vindo de Quito. Resta saber como será em solo brasileiro, ao nível do mar, ou pouco acima disso.

Uruguai
Posição final: Desempenho: 16 jogos (7 vitórias, 4 empates e 5 derrotas) / 25 gols marcados, 25 sofridos Técnico: Óscar Tabárez Sistema tático: 4-3-3/4-2-3-1/4-4-2 Principal jogador: Luis Suárez (A) Goleador: Luis Suárez (A) – 11 gols Nota para a campanha: 5
Luis Suárez é a principal estrela da seleção uruguaia (AP Photo/Matilde Campodonico)
Luis Suárez é a principal estrela da seleção uruguaia (AP Photo/Matilde Campodonico)
Melhor sul-americano da Copa do Mundo de 2010, campeão da Copa América… As expectativas eram de que o Uruguai nadaria de braçada nas Eliminatórias ao lado da Argentina. Nada mais longe da verdade. Após um início muito bom em que obteve 11 pontos em cinco jogos tudo fugiu do controle na derrota por 4 a 0 para a Colômbia. Ali o time se perdeu. Forlán, Cavani e Suárez não renderam mais, os volantes Arévalo e Pérez não deram conta do recado e Godín e Lugano deram calafrios em todos os lances. À goleada em Barranquilla seguiram-se um empate com o Equador em casa, derrotas para Argentina e Bolívia, um empate com o lanterna Paraguai e mais uma derrota para o Chile.
Neste período Óscar Tabárez tentou 4-4-2, 3-5-2, 4-2-3-1, Forlán e Suárez, só Cavani, só Suárez, só Forlán e nada deu resultado. O jogo contra a Venezuela fora de casa foi o ponto em que a Celeste se salvou. Contra um adversário direto para uma das vagas os uruguaios uma vez mais não jogaram bem, mas venceram por 1 a 0 com gol salvador de Cavani. O resultado deu calma para que o Uruguai vencesse o Peru e a Colômbia e conseguisse, ainda que por causa dos outros, uma vaga na repescagem. Será a quarta vez consecutiva que a seleção tem que passar pelo jogo extra. Foi o suficiente para ter esta chance, mas muito abaixo do potencial da seleção, que precisa se reinventar e adotar um esquema só para conseguir novos êxitos desportivos.

Venezuela
Posição final: Desempenho: 16 jogos (5 vitórias, 5 empates e 6 derrotas) / 14 gols marcados, 20 sofridos Técnico: César Farías Sistema tático: 4-2-3-1/4-3-3 Principal jogador: Rondón (A) Goleador: Rondón (A) – 5 gols Nota para a campanha: 6
Rondón comemora: artilheiro da Venezuela nas Eliminatórias (AP Photo/Javier Calvelo)
Rondón comemora: artilheiro da Venezuela nas Eliminatórias (AP Photo/Javier Calvelo)
Único país sul-americano (com seleção na Conmebol) a nunca ter ido para uma Copa do Mundo, a Venezuela faz avanços abissais a cada ano que passa. O quarto lugar na Copa América de 2011 dava fôlego para que os mais otimistas sonhassem com a vaga direta no Mundial do Brasil. E ela quase veio… O início venezuelano foi de dar inveja, com a Vinotinto arrancando pontos de Argentina, Colômbia e Uruguai e vencendo também os confrontos com Paraguai e Bolívia. As oscilações da equipe dirigida por César Farías eram normais. Afinal de contas, por maiores que tenham sido os passos, os venezuelanos ainda estão aquém de outros países de mais tradição.
Porém o jogo contra o Uruguai em Puerto Ordaz se provou essencial. Uma vitória ali mandaria a Celeste para um destino quase sem volta e os venezuelanos para uma classificação. Não aconteceu e a Venezuela brigou até o fim para ir até a repescagem, sem sucesso. De positivo fica o fato de esta ter sido a melhor campanha em termos de aproveitamento (41,6%) e a maior experiência de uma equipe jovem e que tem a maioria de jogadores atuando na Europa. De negativo sobram as contestações ao trabalho de César Farías, que mesmo com todos os méritos, sofre com os venezuelanos que acham que a seleção deveria estar ainda mais à frente.

Peru
Posição final: Desempenho: 16 jogos (4 vitórias, 3 empatese 9 derrotas) / 17 gols marcados, 26 sofridos Técnico: Sérgio Markarián Sistema tático: 4-2-3-1/4-3-3 Principal jogador: Jefferson Farfán (A) Goleador: Farfán (A) – 5 gols Nota para a campanha: 4
Frafán é o destaque da seleção peruana
Frafán é o destaque da seleção peruana
O técnico uruguaio Sérgio Markarián é conhecido no futebol como “El Mago”. Não foi pela alcunha, mas bem que os peruanos estavam esperando algum truque que os colocasse de volta em um Mundial após 28 anos de ausência. Markarián até começou bem sua jornada ao conseguir o terceiro lugar na Copa América. Mas, o quarteto fantástico formado por Guerrero, Farfán, Pizarro e Vargas foi perdendo força e não tinha meios de ajudar a frágil defesa peruana. Resultado: em nenhum momento da competição as principais peças renderam e nem as coadjuvantes deram um passo à frente. Os 28 anos se tornaram 32 e, salvo alguma mudança radical na forma como o esporte é conduzido no país, devem se tornar 36.
Bolívia
Posição final: Técnicos: Gustavo Quinteros e Xabier Azkargorta Desempenho: 16 jogos (2 vitórias, 6 empates e 8 derrotas) / 17 gols marcados, 30 sofridos Sistema tático: 4-2-3-1/3-5-2 Principal jogador: Alejandro Chumacero (M) Goleador: Marcelo Moreno (A) – 4 gols Nota para a campanha: 3
Chumacero foi destaque da Bolívia nas Eliminatórias (AP Photo/Martin Mejia)
Chumacero foi destaque da Bolívia nas Eliminatórias (AP Photo/Martin Mejia)
Os avanços do futebol da Venezuela eram uma inspiração para a Bolívia. Muito longe de ser o time temido na altitude de La Paz, os bolivianos precisavam de uma completa revolução na maneira de enxergar o seu esporte. Ninguém melhor para conduzir este processo do que o treinador mais vitorioso do país nos últimos tempos: Gustavo Quinteros. Aos poucos ele foi mudando a concepção de como a Bolívia deveria jogar: de forma mais moderna, com velocidade e intensidade de marcação. Porém os resultados não apareceram e a Federação Boliviana também dificultou as coisas.
Em 2012, no meio do ciclo para a Copa do Mundo, Quinteros pediu que os clubes liberassem seus atletas com mais antecedência para poderem treinar com a seleção. Não foi atendido. No cabo de guerra entre agremiações e selecionador, ganharam as equipes e Gustavo Quinteros deixou o comando de La Verde. Numa espécie de revival, o espanhol Xabier Azkagorta, responsável por levar a Bolívia ao Mundial de 1994, mas que estava sem trabalhar um clube desde 2005 assumiu a tarefa. E nada conseguiu… De positivo apenas o melhor futebol de alguns jovens como Alejandro Chumacero, Diego Bejarano, Rudy Cardozo e Jaime Arraiscata. De resto…
Paraguai
Posição final: Técnicos: Francisco Arce, Gerardo Pelusso e Victor Genes Desempenho: 16 jogos (3 vitórias, 3 empates e 10 derrotas) / 17 gols marcados, 31 sofridos Sistema tático: 4-4-2/3-5-2 Principal jogador: Cristian Riveros (V) Goleador: Roque Santa Cruz (A) – 3 gols Nota para a campanha: 1
Cristian Riveros é um dos poucos destaques do Paraguai (AP Photo/Andre Penner)
Cristian Riveros é um dos poucos destaques do Paraguai (AP Photo/Andre Penner)
Em 2006 o Paraguai iniciou um de seus melhores ciclos dos últimos tempos no futebol de seleções. Naquele ano um até então desconhecido como técnico Gerardo Martino assumiu a albiceleste e guiou a equipe em uma grande campanha nas Eliminatórias – com direito à terceira posição. Na sequência a Copa do Mundo teve o Paraguai nas quartas de final perdendo da Espanha depois de vender muito caro a derrota. O desempenho foi tão bom que Tata Martino ficou, levando em 2011 os paraguaios ao vice-campeonato da Copa América. A questão é que ali as possibilidades já se esgotavam. Com um futebol extremamente defensivo e pragmático o Paraguai não tinha nada da cara que Gerardo Martino queria e o argentino, hoje treinador do Barcelona, pulou fora.
Para seu lugar veio Francisco Arce, ídolo da história paraguaia, mas com pouquíssima experiência como treinador. A ideia era que Chiqui conseguisse trazer de volta o futebol ofensivo de outrora e reavivar o orgulho de vestir a camisa albiroja. A falta de resultados, porém, foi mais forte e Arce caiu, dando lugar ao outro lado da moeda: a experiência de Gerardo Pelusso. Foram experiências e tentativas que não funcionaram. Na última parte das Eliminatórias, Victor Genes só conduziu o time a uma campanha vergonhosa criada por seus antecessores. Faltam jogadores de talento, falta uma filosofia de jogo, falta um grande técnico… O próximo ciclo paraguaio promete ser duro.

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