Balanço: como foram as Eliminatórias Sul-Americanas
Messi deslanchou com a camisa da Argentina e foi decisivo nas Eliminatórias (AP Photo/Andre Penner)
Por Gabriel Dudziak
18/10/2013
Argentina
Posição final: 1º
Desempenho: 16 jogos (9 vitórias, 5 empates e 2 derrotas) / 35 gols marcados, 15 sofridos
Sistema tático: 4-3-3 / 4-3-1-2
Técnico: Alejandro Sabella
Principal jogador: Lionel Messi (A)
Goleador: Lionel Messi (A) – 10 gols
Nota para a campanha: 10
Melhor ataque, segunda melhor defesa e melhor jogador do
mundo. A Argentina sai das Eliminatórias para a Copa do Mundo
fortalecida. Após uma Copa América terrível sob o comando de Sérgio
Batista a albiceleste se acertou sob o comando de Alejandro Sabella. Ao
armar a equipe com um esquema tático variável entre 4-3-3 e 4-3-1-2 o
treinador encontrou o equilíbrio entre ataque e defesa a partir do
potencial das peças implementadas. Messi está livre para jogar onde
quiser. Higuaín e Aguero carregam o time à frente e marcam os gols,
enquanto Mascherano e mais um seguram a bronca para Di Maria ir e vir.
Até mesmo a defesa, sempre tão criticada, se acertou com Romero, Garay,
Zabaleta e Fernández. Falta à Argentina apenas achar formas de jogar
quando Messi não render tudo que pode. De toda a forma, a albiceleste é
favorita à Copa. Já era fora de campo, mas agora também é dentro.
Colômbia
Posição final: 2º
Desempenho: 16 jogos (9 vitórias, 3 empates e 4 derrotas) / 27 gols marcados, 15 sofridos
Técnicos: Leonel Álvarez e José Néstor Pékerman
Sistema tático: 4-2-3-1/4-1-4-1
Principal jogador: James Rodríguez (M)
Goleador: Falcao García (A) – 9 gols
Nota para a campanha: 8
A Colômbia não ia a uma Copa do Mundo desde 1998, quando ainda tinha
Valderrama, Asprilla e companhia. Por isso o feito de José Néstor
Pékerman e dos jogadores cafeteros deve ser muito exaltado. Até porque o
início de Eliminatórias foi titubeante. Sob o comando de Leonel Álvarez
o time era inconstante e as peças não rendiam. Quando Pékerman chegou
as coisas começaram a se acertar. Primeiro com três zagueiros e
liberdade para Armero e Zuñiga, depois com Carlos Sánchez sendo o
primeiro volante capaz de manter os dois alas como potências ofensivas.
Este equilíbrio e variação entre esquemas permitiu até mesmo que o
talentoso, mas pouco intenso Macnelly Torres ganhasse a titularidade.
Ele e James Rodríguez criaram e concluíram para levar a Colômbia à
frente. A vitória por 4 a 0 contra o Uruguai em Barranquilla foi a
confirmação de que a seleção caminhava a bom termo, noção ratificada
depois com triunfos contra Chile e Equador e empate com a Argentina.Chile
Posição final: 3º
Desempenho: 16 jogos (9 vitórias, 1 empate e 3 derrotas) / 29 gols marcados, 25 sofridos
Técnicos: Cláudio Borghi/Jorge Sampaoli
Sistema tático: 3-4-3/3-4-1-2
Principal jogador: Alexis Sánchez (A)
Goleador: Eduardo Vargas (A) e Arturo Vidal (V) – 5 gols
Nota para a campanha: 7
Até 2007 a seleção chilena de futebol era conhecida por talentos
individuais esporádicos e nenhuma identidade. Dependendo da geração a
equipe era muito defensiva ou muito ofensiva. Naquele ano a situação
mudou, e o responsável foi o argentino Marcelo Bielsa. Com ele, La Roja
passou a ter um jeito de jogar muito claro e, principalmente, de
protagonismo. Por isso a saída de El Loco após a Copa do Mundo de 2010
gerou grandes dúvidas na sequência para a seleção chilena. Dúvidas que
eram justificadas. Cláudio Borghi não conseguiu nem manter o que era
feito e dar gênese a algo novo, de forma que a Federação Chilena decidiu
mudar de rumo já no segundo turno das eliminatórias, trazendo Jorge
Sampaoli da Universidad de Chile.Sampaoli não é discípulo de Bielsa pois nunca trabalhou com ele, mas estudou a fundo todos os métodos e trabalhos táticos de El Loco, de forma que tudo fluiu de maneira muito natural depois de sua chegada à La Roja. Depois de uma derrota para o Peru em Lima o time chileno engatou quatro vitórias consecutivas, que somadas ao empate por 3 a 3 com a Colômbia fora de casa garantiram a equipe na Copa do Mundo de 2014. A expectativa é de um desenvolvimento ainda maior para a sequência da preparação com 3-4-3 de alta pressão dando ainda mais resultados com Valdívia como falso nove.
Equador
Posição final: 4º
Desempenho: 16 jogos (7 vitórias, 4 empates e 5 derrotas) / 20 gols marcados e 16 sofridos)
Técnico: Reinaldo Rueda
Sistema tático: 4-2-3-1/4-4-2
Principal jogador: Jeff Montero (A)
Goleador: Felipe Caicedo (A) – 7 gols
Nota para a campanha: 6
Depois de emendar participações nas Copas de 2002 e 2006 o
Equador ficou fora do Mundial de 2010. Para dar um novo rumo à sua
equipe, a federação equatoriana de futebol decidiu trazer um
especialista em seleções: o colombiano Reinaldo Rueda, com passagens
pelo escrete da Colômbia e também o responsável por levar Honduras à sua
primeira Copa do Mundo. Os primeiros meses não foram bons, já que a
campanha de La Tri na Copa América foi sofrível. Mas, aos poucos, Rueda
achou dentro das possibilidades um dos melhores times da história
recente do país.
Aos experientes Walter Ayoví, Segundo Castillo, Antonio
Valencia e Edison Méndez ele uniu os jovens Jeff Montero, Joao Rojas,
Felipe Caicedo e Juan Paredes para formar um Equador imbatível dentro de
casa. O fator altitude pesa, claro, mas o jeito de o time jogar também
explica que 22 dos 25 pontos conquistados tenham vindo de Quito. Resta
saber como será em solo brasileiro, ao nível do mar, ou pouco acima
disso.
Uruguai
Posição final: 5º
Desempenho: 16 jogos (7 vitórias, 4 empates e 5 derrotas) / 25 gols marcados, 25 sofridos
Técnico: Óscar Tabárez
Sistema tático: 4-3-3/4-2-3-1/4-4-2
Principal jogador: Luis Suárez (A)
Goleador: Luis Suárez (A) – 11 gols
Nota para a campanha: 5
Melhor sul-americano da Copa do Mundo de 2010, campeão da
Copa América… As expectativas eram de que o Uruguai nadaria de braçada
nas Eliminatórias ao lado da Argentina. Nada mais longe da verdade. Após
um início muito bom em que obteve 11 pontos em cinco jogos tudo fugiu
do controle na derrota por 4 a 0 para a Colômbia. Ali o time se perdeu.
Forlán, Cavani e Suárez não renderam mais, os volantes Arévalo e Pérez
não deram conta do recado e Godín e Lugano deram calafrios em todos os
lances. À goleada em Barranquilla seguiram-se um empate com o Equador em
casa, derrotas para Argentina e Bolívia, um empate com o lanterna
Paraguai e mais uma derrota para o Chile.
Neste período Óscar Tabárez tentou 4-4-2, 3-5-2, 4-2-3-1,
Forlán e Suárez, só Cavani, só Suárez, só Forlán e nada deu resultado. O
jogo contra a Venezuela fora de casa foi o ponto em que a Celeste se
salvou. Contra um adversário direto para uma das vagas os uruguaios uma
vez mais não jogaram bem, mas venceram por 1 a 0 com gol salvador de
Cavani. O resultado deu calma para que o Uruguai vencesse o Peru e a
Colômbia e conseguisse, ainda que por causa dos outros, uma vaga na
repescagem. Será a quarta vez consecutiva que a seleção tem que passar
pelo jogo extra. Foi o suficiente para ter esta chance, mas muito abaixo
do potencial da seleção, que precisa se reinventar e adotar um esquema
só para conseguir novos êxitos desportivos.
Venezuela
Posição final: 6º
Desempenho: 16 jogos (5 vitórias, 5 empates e 6 derrotas) / 14 gols marcados, 20 sofridos
Técnico: César Farías
Sistema tático: 4-2-3-1/4-3-3
Principal jogador: Rondón (A)
Goleador: Rondón (A) – 5 gols
Nota para a campanha: 6
Único país sul-americano (com seleção na Conmebol) a nunca
ter ido para uma Copa do Mundo, a Venezuela faz avanços abissais a cada
ano que passa. O quarto lugar na Copa América de 2011 dava fôlego para
que os mais otimistas sonhassem com a vaga direta no Mundial do Brasil. E
ela quase veio… O início venezuelano foi de dar inveja, com a Vinotinto
arrancando pontos de Argentina, Colômbia e Uruguai e vencendo também os
confrontos com Paraguai e Bolívia. As oscilações da equipe dirigida por
César Farías eram normais. Afinal de contas, por maiores que tenham
sido os passos, os venezuelanos ainda estão aquém de outros países de
mais tradição.
Porém o jogo contra o Uruguai em Puerto Ordaz se provou
essencial. Uma vitória ali mandaria a Celeste para um destino quase sem
volta e os venezuelanos para uma classificação. Não aconteceu e a
Venezuela brigou até o fim para ir até a repescagem, sem sucesso. De
positivo fica o fato de esta ter sido a melhor campanha em termos de
aproveitamento (41,6%) e a maior experiência de uma equipe jovem e que
tem a maioria de jogadores atuando na Europa. De negativo sobram as
contestações ao trabalho de César Farías, que mesmo com todos os
méritos, sofre com os venezuelanos que acham que a seleção deveria estar
ainda mais à frente.
Peru
Posição final: 7º
Desempenho: 16 jogos (4 vitórias, 3 empatese 9 derrotas) / 17 gols marcados, 26 sofridos
Técnico: Sérgio Markarián
Sistema tático: 4-2-3-1/4-3-3
Principal jogador: Jefferson Farfán (A)
Goleador: Farfán (A) – 5 gols
Nota para a campanha: 4
O técnico uruguaio Sérgio Markarián é conhecido no futebol
como “El Mago”. Não foi pela alcunha, mas bem que os peruanos estavam
esperando algum truque que os colocasse de volta em um Mundial após 28
anos de ausência. Markarián até começou bem sua jornada ao conseguir o
terceiro lugar na Copa América. Mas, o quarteto fantástico formado por
Guerrero, Farfán, Pizarro e Vargas foi perdendo força e não tinha meios
de ajudar a frágil defesa peruana. Resultado: em nenhum momento da
competição as principais peças renderam e nem as coadjuvantes deram um
passo à frente. Os 28 anos se tornaram 32 e, salvo alguma mudança
radical na forma como o esporte é conduzido no país, devem se tornar 36.
Bolívia
Posição final: 8º
Técnicos: Gustavo Quinteros e Xabier Azkargorta
Desempenho: 16 jogos (2 vitórias, 6 empates e 8 derrotas) / 17 gols marcados, 30 sofridos
Sistema tático: 4-2-3-1/3-5-2
Principal jogador: Alejandro Chumacero (M)
Goleador: Marcelo Moreno (A) – 4 gols
Nota para a campanha: 3
Os avanços do futebol da Venezuela eram uma inspiração para
a Bolívia. Muito longe de ser o time temido na altitude de La Paz, os
bolivianos precisavam de uma completa revolução na maneira de enxergar o
seu esporte. Ninguém melhor para conduzir este processo do que o
treinador mais vitorioso do país nos últimos tempos: Gustavo Quinteros.
Aos poucos ele foi mudando a concepção de como a Bolívia deveria jogar:
de forma mais moderna, com velocidade e intensidade de marcação. Porém
os resultados não apareceram e a Federação Boliviana também dificultou
as coisas.
Em 2012, no meio do ciclo para a Copa do Mundo, Quinteros
pediu que os clubes liberassem seus atletas com mais antecedência para
poderem treinar com a seleção. Não foi atendido. No cabo de guerra entre
agremiações e selecionador, ganharam as equipes e Gustavo Quinteros
deixou o comando de La Verde. Numa espécie de revival, o espanhol Xabier
Azkagorta, responsável por levar a Bolívia ao Mundial de 1994, mas que
estava sem trabalhar um clube desde 2005 assumiu a tarefa. E nada
conseguiu… De positivo apenas o melhor futebol de alguns jovens como
Alejandro Chumacero, Diego Bejarano, Rudy Cardozo e Jaime Arraiscata. De
resto…
Paraguai
Posição final: 9º
Técnicos: Francisco Arce, Gerardo Pelusso e Victor Genes
Desempenho: 16 jogos (3 vitórias, 3 empates e 10 derrotas) / 17 gols marcados, 31 sofridos
Sistema tático: 4-4-2/3-5-2
Principal jogador: Cristian Riveros (V)
Goleador: Roque Santa Cruz (A) – 3 gols
Nota para a campanha: 1
Em 2006 o Paraguai iniciou um de seus melhores ciclos dos últimos
tempos no futebol de seleções. Naquele ano um até então desconhecido
como técnico Gerardo Martino assumiu a albiceleste e guiou a equipe em
uma grande campanha nas Eliminatórias – com direito à terceira posição.
Na sequência a Copa do Mundo teve o Paraguai nas quartas de final
perdendo da Espanha depois de vender muito caro a derrota. O desempenho
foi tão bom que Tata Martino ficou, levando em 2011 os paraguaios ao
vice-campeonato da Copa América. A questão é que ali as possibilidades
já se esgotavam. Com um futebol extremamente defensivo e pragmático o
Paraguai não tinha nada da cara que Gerardo Martino queria e o
argentino, hoje treinador do Barcelona, pulou fora.Para seu lugar veio Francisco Arce, ídolo da história paraguaia, mas com pouquíssima experiência como treinador. A ideia era que Chiqui conseguisse trazer de volta o futebol ofensivo de outrora e reavivar o orgulho de vestir a camisa albiroja. A falta de resultados, porém, foi mais forte e Arce caiu, dando lugar ao outro lado da moeda: a experiência de Gerardo Pelusso. Foram experiências e tentativas que não funcionaram. Na última parte das Eliminatórias, Victor Genes só conduziu o time a uma campanha vergonhosa criada por seus antecessores. Faltam jogadores de talento, falta uma filosofia de jogo, falta um grande técnico… O próximo ciclo paraguaio promete ser duro.
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