sábado, 28 de setembro de 2013

Futebol, política e sociedade: Real recebe Atlético no clássico de Madri

Em dérbi que trancende o âmbito esportivo, equipes lutam pelas primeiras posições do Campeonato Espanhol

Por Redação PLACAR 28/09/2013, às 08h00
Cristiano Ronaldo e Diego Costa são as esperanças de gols das equipes madrilenas
Cristiano Ronaldo e Diego Costa são as esperanças de gols das equipes madrilenas / Crédito: Reuters
Quando Real Madrid e Atlético de Madri entrarem em campo no Estádio Santiago Bernabéu, na partida válida pela 7ª rodada do Campeonato Espanhol, mais do que a disputa pelas primeiras posições, estará em jogo uma rivalidade que transcende a esfera esportiva e abrange históricas divisões sociais e políticas da vida cotidiana da capital espanhola.
Se o Real Madrid é identificado com a realeza, a aristocracia e o conservadorismo político, o Altético traz em seu seio as classes trabalhadoras do sul da cidade, a luta contra o establishment e o sentimento republicano, anti-monárquico. Se a casa merengue é o Santiago Bernabéu, imponente e localizado próximo ao aristocrático Paseo de La Castellana, rodeado de bancos e prédios comerciais, o lar colchonero, o Vicente Calderón, se situa ao lado de uma cervejaria, nas cercanias do Rio Manzaranes.

Política

Franco nutria simpatia pelo Real
Franco nutria simpatia pelo Real / Crédito: Reprodução

Apesar de o Atlético ter sido o time preferido do Genaral Franco nos primeiros anos da ditadura imposta, por décadas a fio, ao país ibérico, a preferência pelo Real Madrid, por parte do governo oficial do país, logo se fez. Quando venceu, por cinco vezes consecutivas, a Copa dos Campeões da Europa  (que depois viraria Liga dos Campeões), o Real foi considerado pelo caudilho espanhol "o melhor embaixador do país". A relação promíscua entre os blancos e o governo militar, nos anos vindouros, faz com que até os dias atuais a torcida colchonera cante, durante os clássicos da cidade: "A equipe do governo, a vergonha do país". 
De fato, os torcedores atleticanos se portam de maneira a resistir ao conceito de futebol como um negócio puramente capitalista, atualmente ainda mais potencializado. Apesar disso, são os adeptos do Rayo Vallecano, terceira equipe da cidade, que clamam para si o rótulo de "verdadeiros esquerdistas" de Madri.
Bola
No âmbito da bola, o "Atleti", como os torcedores, carinhosamente, se referem ao clube, vive uma grande fase. Depois de penar com rebaixamento para a segunda divisão em 2000 e realizar campanhas pífias em sua volta à elite espanhola, a equipe voltou, nos últimos anos, a vencer títulos importantes, como o bicampeonato da Liga Europa, em 2010 e 2012.
Na última Copa do Rei, o troféu foi conquistado justamente sobre o Real Madrid, com vitória por 2 x 1, em pleno Santiago Bernabéu, quebrando um jejum de 14 anos sem triunfo sobre o arquirrival citadino. No Campeonato Espanhol, o time ocupa a vice-liderança com 100% de aproveitamento, perdendo para o Barcelona apenas no saldo de gols - a equipe conta, também, com o artilheiro do certame, o brasileiro Diego Costa, com sete gols (mesmo número que Messi).
Pelo lado merengue, a equipe terá a volta de Gareth Bale para voltar a jogar bem e vencer o rival, valendo-se do fato de jogar em casa para atingir esse propósito. Em terceiro lugar na tabela, o Real Madrid desperdiçou apenas dois pontos no campeoanto, no empate em 2 x 2 com o Villareal, na 4ª rodada.
História

Sanchez jogou antes pela equipe colchonera
Sanchez jogou antes pela equipe colchonera / Crédito: Reprodução
Historicamente, o time merengue leva ampla vantagem no dérbi da cidade. Até hoje, foram disputadas 260 partidas, com 141 vitórias do Real e 63 do Atlético, além de 56 empates. No entanto, os colchoneros venceram a maioria das decisões de Copa do Rei que disputaram contra o arqurrival, triunfando nas edições de 1960, 1961, 1992 e 2013, ao passo que os merengues venceram em 1975. Pela Copa dos Campeões da Europa, as equipes se enfrentaram nas semifinais da edição de 1958/1959, com vitória do Real Madrid, após três partidas - depois, os blancos sagrariam-se campeões da competição.
Treze jogadores já atuaram pelas duas equipes ao longo da hitória, entre eles dois grandes ídolos do Real Madrid, Juanito e Hugo Sánchez. Este último, aliás, defendeu o Atlético por quatro temporadas antes se transferir para a equipe rival, onde entraria para o panteão dos heróis do clube.

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