Fernando Schmidt, secretário de Relações Internacionais
do Governo do Estado, é o novo presidente do Bahia. Schmidt, que foi
eleito com 67% dos quase 5.000 votos, para um mandato tampão, até o
final de 2014, sem direito a reeleição, tomará posse na segunda-feira,
9, em solenidade que acontecerá às 20 horas na Arena Fonte Nova, mesmo
local em que foram realizadas as eleições deste sábado e onde a torcida
decidiu pela mudança do estatuto do clube, em assembleia realizada em
agosto. A chapa do novo presidente também terá direito a 72 vagas no
Coselho Deliberativo do Bahia, enquanto a dos candidatos derrotados
Antonio Tillemont (23%) e Rui Cordeiro (10%) terá 28 vagas.
Schmidt, de 69 anos, é o primeiro presidente eleito
diretamente pelo voto dos sócios do Bahia. Ele já foi presidente do
clube entre 1975 e 1979, época que ficou marcada pela conquista do
heptacampeonato baiano e pela construção do Fazendão, centro de
treinamentos do clube até os próximos meses, quando o Bahia deixará o
antigo CT em direção à Cidade Tricolor, em Dias D’Ávila.
Para assumir o cargo, que desde a alteração do estatuto
do clube, no final de agosto, é de dedicação exclusiva, Schmidt deixará a
secretaria. Muito questionado por seu envolvimento político com o
Partido dos Trabalhadores (PT), mesmo do governador Jaques Wagner,
Schmidt foi enfático ao rechaçar qualquer tranfserência da vida política
à sua gestão. "Acho que política é política, futebol é futebol. Na hora
que essas duas coisas se misturam, geralmente não terminam bem. Eu
nunca misturei as coisas, nem quando trabalhei no setor privado. Além
disso, a nossa chapa é muito plural", avaliou.
Além de ex-secretário de estado, o novo presidente do
Bahia é professor e advogado. Schmidt substitui Marcelo Guimarães Filho,
que foi deposto pela Justiça após ação movida pelo ex-conselheiro Jorge
Maia, que denunciou problemas na eleição do conselho que elegeu o
presidente afastado para o segundo mandato.
Hoje, dia em que se comemora a Independência do Brasil,
era grande o sentimento entre os eleitores que também se comemoraria a
"independência do Bahia", depois da possibilidade de os sócios do clube
votarem, algo que foi muito solicitado pela torcida durante a gestão da
família Guimarães, iniciada em 1997 e terminada apenas em 2013 – houve
um intervalo entre 2005 e 2008, quando o clube foi presidido por
Petrônio Barradas, do mesmo grupo político dos Guimarães. O estopim para
a revolta da torcida e dos opositores aos Guimarães foi a eleição de
2011, que reelegeu Marcelo Guimarães Filho e, neste ano, foi considerada
irregular pela Justiça.
Segundo o novo presidente, os ares de democracia que o
clube respira serão marca de sua gestão à frente do Bahia. O primeiro
reflexo disso seria a convocação do Conselho Deliberativo eleito, uma
das primeiras ações de seu mandato.
"Nós vamos desde o primeiro momento marcar essa gestão
como uma gestão compartilhada. Não somente da diretoria, presidente e do
vice, mas também do Conselho Deliberativo. A nossa intenção é criar ao
lado dele também um Conselho Consultivo, formado por várias figuras dos
segmentos representativos do clube, até mesmo das torcidas organizadas.
Queremos a democracia no Bahia", disse Schmidt.
Além das ações extracampo, três novos reforços estariam
próximos de ser contratados pela nova diretoria. O vice-presidente
eleito, Valton Pessoa, teria negociado com o meia-atacante Lucca, do
Cruzeiro, e o lateral direito Michel Macedo, do Atlético-MG. Um
meio-campista também estaria nos planos.
Final da intervenção
Nos dois meses que se estenderam entre o afastamento de
Guimarães Filho e a eleição que definiu Schmidt como novo presidente do
clube, uma gestão interventora comandada pelo advogado Carlos Rátis
realizou atos de organização interna do clube, um recadastramento amplo
de sócios, propôs e viu ser aprovado um novo estatuto para o clube e,
por fim, as eleições neste sábado.
Na sexta-feira, o ex-presidente do clube, Marcelo
Guimarães Filho, tentou voltar ao poder, através de uma liminar, e
advogados da gestão interventora fizeram vigília no plantão judiciário,
no Fórum Ruy Barbosa, que fica próximo à Arena Fonte Nova, nesta
madrugada. Além deles, alguns torcedores do Bahia apareceram por lá,
atentos a qualquer manobra judicial que pudesse acontecer de última
hora.
"Eu e mais oito advogados fomos para o plantão
judiciário. Ficaram sabendo disso na internet, e mais de 50 torcedores
foram lá, me levaram comida e bebida. Algo típico de torcedor do Bahia",
disse Carlos Rátis, visivelmente satisfeito pela realização da eleição.
Crítico, Rátis acha que a intervenção poderia ter sido mais efetiva,
mesmo tendo sido atrapalhada por alguns funcionários do clube,
especialmente dos setores financeiro e de recursos humanos, que deixaram
de comparecer ao trabalho após a destituição de Guimarães Filho.
"No fundo, sabemos que poderíamos ter feito mais. Mas a
situação financeira é bem difícil. A chapa eleita vai encontrar muitas
dificuldades para sanar os problemas. Só o débito na alimentação era de
R$ 300 mil, o que é inadmissível", avaliou Rátis. Mesmo assim, durante
todo o pleito, Rátis foi muito procurado por torcedores, que tiravam
fotografias com ele e o agradeciam por ter comandado a intervenção.
A última ação de Rátis à frente do Bahia acontecerá na
segunda-feira, antes da posse da nova diretoria. No dia em que
completará exatos dois meses como interventor, e sairá de cena para a
chegada de Fernando Schmidt, Rátis irá entregar ao presidente eleito o
relatório de uma auditoria financeira pela qual o clube passa, por ordem
judicial, como parte das ações impetradas após a destituição do antigo
presidente.
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