Álbum pessoal |
A vida do policial militar Alexsander Silva, de 41 anos, mudou durante uma ocorrência da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Fallet-Fogueteiro, comunidade no Centro do Rio de Janeiro, no ano de 2011. O PM foi atingido por uma granada arremessada por criminosos da região e, no ataque, teve as duas pernas amputadas. Dez anos depois, o militar reformado começa a colher os frutos de seu processo de superação, que teve início com a prática de crossfit, incentivada por uma ex-comandante de batalhão.
Competidor da categoria sentado com movimento de quadril do crossfit adaptado, Alexsander foi classificado em terceiro lugar entre os competidores da América do Sul no Open de Crossfit 2021. No ranqueamento mundial, o carioca ocupa a 38ª posição.
O Open é uma validação de uma série de exercícios, durante um determinado período, entre as academias de crossfit. A primeira etapa foi realizada no último dia 12, seguida por mais duas fases. A última aconteceu em 27 de março.
“Nunca malhei, então é algo novo. O único esporte que fiz a minha vida toda foi futebol. Agora surgiu essa oportunidade de participar do evento, dentro da minha categoria, portanto, considero uma boa classificação”, avalia. “Sem contar na superação e nos novos estímulos. É muito gratificante ser reconhecido”, completa.
A competição reúne os atletas de todo o mundo e é um dos caminhos para que pessoas em reabilitação tenham contato com os esportes adaptados a atletas PCDs (pessoas com deficiência).
Antes da competição, o militar participou do 2° Camping Paramilitar, no Centro Paralímpico Brasileiro, que aconteceu em São Paulo, primeiro evento em que teve contato com as práticas esportivas. “Participei do Camping por meio do Heróis do Rio e foi uma experiência única. O centro é muito bem preparado e totalmente adaptado”, avalia.
A Heróis do Rio é uma associação que tem o objetivo de possibilitar dignidade ao policial militar e sua família, propondo meios para garantir estrutura e adquirir equipamentos de reabilitação que auxiliem na readaptação do agente ferido.
Alexsander Silva trabalhou por nove anos numa montadora de veículos, no estado do Rio, e em 2009 participou do concurso para a Polícia Militar do Rio, entrando para a corporação em março de 2010. Um ano depois, ele foi atingido pela granada. Hoje, o esporte é sua vida.
“O crossfit começou a atender o público PCD, e isso é muito importante. Sou grato por eles terem tido esse olhar para nós, que não temos a mesma abertura em outras academias, cujo interesse em receber este público é quase zero. É uma atividade que vem crescendo no mundo todo, e hoje faço parte dela.”
Em junho de 2011, na ocorrência da UPP Fallet-Fogueteiro, onde era lotado, Alexsander fraturou um dos braços, sofreu um corte na cabeça e perdeu os dois membros inferiores. O jovem ficou em coma por 11 dias, e passou 23 dias internado. Atualmente, o carioca está em fisioterapia e no processo para colocação de próteses.
“No momento do acidente, só pensava na minha família, enquanto agonizava entre a vida e a morte. Pedi muito a Deus para permanecer vivo, não importava de que forma fosse, e assim foi feito. Não tive problemas psicológicos por causa do acidente, eu só queria ficar vivo. E agradeço”, completa.
>> Metrópoles
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