quarta-feira, 10 de junho de 2020

Fagner comenta possível retorno de Jô ao Corinthians e chama racistas de "cabecinha pequena"

Foto: Reprodução/TV Corinthians 
Lateral-direito fala de chance de retorno aos treinos, possível aumento do corte salarial e mais; veja como foi a entrevista virtual do jogador

A exemplo do que foi feito com Cássio, o lateral-direito Fagner participou de uma coletiva de imprensa virtual nesta quarta-feira, organizada pelo Corinthians. O jogador respondeu a inúmeras perguntas enviadas por jornalistas e falou de diferentes assuntos: do possível retorno de Jô ao combate ao racismo.

Embora chateado com a saída de Vagner Love, Fagner disse acreditar que Jô pode cumprir bem o papel de centroavante. Ele se mostra favorável ao retorno do atacante.

– O Jô é um cara que a gente já conhece, sabe da qualidade dele, da pessoa dele. Se realmente se concretizar e ele puder vir, vai ajudar. Tem identificação com o clube, é vitorioso e campeão aqui. O Jô, por ser mais alto, pode fazer mais gol de cabeça, mas os rivais dobram a marcação, então tem que achar outros meios. É ver como ele vai estar. O tempo em que ele esteve fora trouxe experiência, mais bagagem, para a gente achar a melhor maneira para ajudá-lo e aos outros atacantes também – disse Fagner.

Fagner também foi questionado sobre temais atuais, como o racismo. O lateral deu uma declaração detalhada do que pensa a respeito.

– De cabeça, não lembro de colegas vítimas comigo no campo, mas, independentemente disso, é algo que tem que ser combatido diariamente. O mais importante não é simplesmente quando acontecer um fato grave como foi aqui e nos Estados Unidos. Pense em fazer alguma coisa, colocar a mão na consciência. Não com postagem ou mensagem na rede social, isso vem da educação que você dá para seus filhos, educação na escola. Cuidar das crianças para um futuro melhor. Se hoje existe, é porque alguém no meio do caminho conheceu uma verdade que não era verdade. Cabecinha pequena. Todo mundo é igual. Quando morrer, todo mundo vai para o mesmo lugar. Tem que educar em casa e na escola sobre igualdade e praticar isso diariamente – completou.

Outro tema abordado na coletiva foi um possível aumento no corte salarial dos jogadores. Para Fagner, é um assunto que precisa ser bem discutido.

– É difícil falar sobre valores. Sabemos da dificuldade do clube, mas isso é algo que, se tiver que acontecer, tem que ser conversado com todos os atletas, comissão e diretoria. Não adianta agora falar o que pode acontecer. Se vier a acontecer, a diretoria vai se reunir com os atletas para ver a melhor situação para todos. Vamos ver o que for melhor para todo mundo.

Saída de Vagner Love

– A gente fica triste, mas sabemos que o futebol assim. Primeiro, a qualidade que ele tem. É um cara vitorioso. Vamos sentir falta dentro de campo. E fora de campo também, porque é um cara espetacular. Mesmo com o currículo vasto de títulos, você vê no dia a dia ele trabalhando cada vez mais para evoluir, com sede de vitórias. A gente torce que seja feliz onde for. Espero que consiga seus objetivos.


Flamengo voltar aos treinos e paulistas se unirem para voltar juntos

– Não incomodou em nada, cada um tem que olhar para o seu nariz. É difícil falar em voltar ao mesmo tempo, porque o epicentro é São Paulo. É a cidade mais populosa do país, temos que tomar cuidado. Acho legal os clubes se unirem aqui. Até porque não adianta voltar antes e ficar só treinando sem direção. Determinando que tenha um retorno igual, todo mundo larga igual e isso pode fazer com que o futebol ande na mesma linha e pense no coletivo.

Ficar concentrado quando futebol voltar e não retornar para casa

– É difícil falar. Porque infelizmente um vírus que a gente não sabe como e de onde vem. Complicado. Óbvio que pode se preservar dentro do clube, mas pode ir para casa e não acontecer nada. Tem que ser de cada pessoa ter os seus cuidados. Ao mesmo tempo, se acontecer isso de ter que ficar concentrado por segurança, todos vão entender. É ter paciência. Esses últimos meses são a época de ter paciência e esperança. Nunca ficamos tanto tempo dentro de casa. Tem sido difícil para todo mundo. Se rolar de ficar concentrado, tudo bem. Para nós, atletas, não ter o campo e treino com o grupo é muito difícil. A gente espera que tudo se resolva o quanto antes para voltar.

Segundo maior dono de assistências no século

– Motivo de felicidade saber que estou conseguindo deixar meu nome dentro do clube. Não tenho como objetivo dar x assistências por ano, é natural. Eu penso que o principal é o desempenho, ser regular, não ter lesões. Parte de gols, assistências, é tudo um complemento para que as coisas aconteçam da melhor forma.

Jogos sem torcida

– Difícil jogar sem torcida. O peso da Fiel em casa é alto e muitas vezes fora também. Mas temos que entender a situação do mundo, é delicado. Para poder ter futebol, temos que nos privar de algumas coisas, que é o mínimo de pessoas possível nos jogos. Se concentrar vai muito do mental. No treino e no dia a dia tem que buscar perfeição e evolução. Seja atacando, defendendo, cuidados médicos. Quando vai para o jogo sem torcida, entra muito no fator mental. É aquilo que você faz todo dia. Em questão de performance, é o que você vem trabalhando todos os dias no CT. Fazendo ali o que você reproduz.

Maratona de jogos

– Não adianta atropelar um calendário para que se termine da maneira que deveria ser. Foi um ano atípico. Se tiver que fazer alterações no Brasileiro, por exemplo, porque fazer 38 jogos em seis meses é pesado. O Brasil é um país muito grande. De Fortaleza a São Paulo, Salvador, Rio Grande do Sul. Fica quatro dias fora de casa... Tem que pensar nisso tudo. Os voos não são privados, temos que tomar cuidado também. Tem que ser bem pensado, bem estudado. Para que se termine o ano bem para começar o normal no ano que vem.

Possível Dérbi contra o Palmeiras no retorno do Paulistão

– Acho que não tem muito o que escolher. Por tudo que aconteceu, o mais importante é o futebol voltar de uma maneira segura. O mais importante é todo mundo estar bem. Fazer o que estamos acostumados no dia a dia. Jogos, concentração. A gente espera que tudo se normalize. Se for o clássico, a gente espera poder estar bem.

Pausa foi boa para o time?

– Em termos de reflexão, foi. A pressão por resultado deixa você cego para ver coisas boas. Tendo essa pausa, dá para rever muitas coisas, coisas boas que fizemos. O futebol é simples e ao mesmo tempo não é. Acham que vamos ganhar todos os jogos, mas o rival treina, estuda, se prepara para te neutralizar. Fizemos grandes jogos neste início de temporada. O Corinthians propõe mais jogo agora. Até todo mundo entender isso, leva um certo tempo. Espero encontrar o caminho das vitórias.

Aumento de lesões no retorno

– Jogadores de alto nível estão sujeitos a lesões. Hoje em dia, pela dinâmica e intensidade, os riscos vão existir. Vai muito da preparação de cada atleta, conversa com a comissão e DM para evitar uma lesão que te tire seis semanas do campo. Esse diálogo vai ser importante para evitar qualquer tipo de problema. Vai ser uma situação que todos os atletas vão estar sujeitos por mais cuidado que tenham tomado nessa parada. É diferente estar no campo dia a dia ou na sua casa.

Globo Esporte - São Paulo

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