quarta-feira, 22 de maio de 2019

Gaeco apresenta novas denúncias contra vereadores investigados por recolhimento de salários de servidores de Ipatinga

Divulgação
O Ministério Público apresentou nesta quarta-feira (22) novas denúncias contra os vereadores Luiz Márcio Rocha (PTC) e Osimar Barbosa (PSC), que estão afastados das funções na Câmara Municipal e presos por suspeita de participação em um esquema de recolhimento e manipulação de salários de servidores. Os dois já tinham sido acusados pela operação Dolos, e na nova ação os investigadores identificaram vítimas diferentes do crime.

Na nova denúncia feita pelo MP, o vereador Luiz Márcio é acusado por um funcionário de ser obrigado a fazer um empréstimo de mais de R$ 20 mil. Esse valor seria descontado na folha de pagamento do funcionário. Já em outra parte da denúncia, o MP aponta que o vereador exonerou a vítima e que as parcelas do empréstimo foram abatidas na rescisão do empregado, que não fui suficiente para quitar o valor.

Na primeira denúncia, Luiz Márcio já tinha sido acusado de reter parte do salários dos servidores e também de obrigar os assessores a fazerem empréstimos. O parlamentar foi preso no dia 15 de fevereiro e está na penitência Dênio Moreira, em Ipaba.

Já contra Osimar Barbosa, a nova denúncia aponta que ele nomeou funcionários que apenas assinavam a folha de ponto, mas não exerciam cargos na Câmara. A suspeita teria surgido porque os pontos eram preenchidos com extrema pontualidade e todos estavam assinados por Osimar. Ainda de acordo com o MP, as pessoas nomeadas seriam funcionários fantasmas e os salários seriam repassados para o vereador. Ele foi denunciado por falsidade ideológica, desvio de dinheiro público e associação criminosa.

Se os parlamentares forem condenados, as penas somadas podem chegar há mais de 20 anos de prisão. O MP pediu o bloqueio dos bens dos dois parlamentares.

Entenda o caso

A operação Dolos é uma ação conjunta entre Ministério Público, Polícias Civil e Militar, através do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo as investigações, vereadores de Ipatinga contratavam assessores e exigiam deles parte do salário de volta.

De acordo com o MP, o esquema para arrecadar a verba acontecia de mais de uma maneira. A primeira delas no recebimento e entrega de valores em espécie ao representante do Legislativo por parte do funcionário contratado. A segunda modalidade era a retenção do cartão bancário, com o repasse de pequeno valor ao funcionário e manipulação na folha de ponto; muitos destes funcionários, segundo o Gaeco, eram "fantasmas". A terceira, o vereador determinava a realização de empréstimos bancários por parte de servidores com o saque e transferência para contas de interpostas pessoas que eram usadas como laranjas visando maquiar o real destino dos valores.

De acordo com o Ministério Público, além do enriquecimento ilícito, o dinheiro exigido dos assessores servia para fortalecimento dos vereadores em bairros, visando as eleições municipais. Ao todo, 12 pessoas foram denunciadas na operação, entre vereadores, assessores, contadores, corretores de imóveis e comerciantes.

São investigados no esquema, segundo o Gaeco, os ex-vereadores Paulo Reis (PROS), Rogério Antônio Bento (sem partido), José Geraldo de Andrade (Avante) e Wanderson Gandra (PSC), que perderam mandato ou renunciaram ao cargo na Câmara, além dos vereadores Gilmar Ferreira Lopes (PTC), Luiz Márcio Rocha (PTC) e Osimar Barbosa (PSC), que estão afastados. Comissões processantes foram instauradas na Câmara Municipal para avaliar as condições dos vereadores investigados.

https://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2019/05/22/gaeco-apresenta-novas-denuncias-contra-vereadores-investigados-por-recolhimento-de-salarios-de-servidores-de-ipatinga.ghtml

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