domingo, 29 de dezembro de 2013


Festa de Zico, gols de Romário e estádio lotado: a tarde em que o Maracanã voltou a suspirar

Foi mais um daqueles encontros festivos que geralmente habitam o imaginário do torcedor de futebol. Velhos e novos craques reunidos no palco que se acostumou a ser chamado de Templo de Futebol...

  • Por Pedro Henrique Torre, no Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br- espn.com.br

Foi mais um daqueles encontros festivos que geralmente habitam o imaginário do torcedor de futebol. Velhos e novos craques reunidos no palco que se acostumou a ser chamado de Templo de Futebol. Tem até nome, Jogo das Estrelas. Placar de pelada, 7 a 3 para o time do anfitrião. E ganhou uma correção histórica: Zico, o maior artilheiro da história do Maracanã, não fora convidado para a abertura inicial do estádio, no início do ano, em uma pelada de Ronaldo e Bebeto para engravatados e operários, em capacidade reduzida. Neste sábado, ele comandou a festa, com preços populares, torcida vibrante e artilheiro brilhando. Como manda o figurino de futebol. Como deseja o Maracanã.
Os 60 anos cumpridos em março pesam. O Galinho de Quintino não consegue mais correr com tanta facilidade. Mas ali no início da partida, em meio àquela conivência disfarçada dos amigos, Zico driblou quatro adversários e tocou para a rede. Golaço que fez explodir a arquibancada com cerca de 50 mil pessoas em uma tarde de calor forte no Rio de Janeiro. O primeiro gol de Zico no novo Maracanã. Fora os 733 em jogos oficiais no velho estádio, mas que ainda respira.
E com fôlego. Isto porque a arquibancada, em maioria de torcedores do Flamengo, obviamente, não se cansou de venerar Romário como na década de 90. O Baixinho quarentão e deputado federal mantém características daquele camisa 11 abusado que colocou o Maracanã no bolso nas Eliminatórias da Copa de 94, diante do Uruguai. Uma, duas, três vezes foi Romário para a galera, com aquele toquinho caprichado, quase nojento, que ruma a bola para o gol. Da arquibancada explodiu o grito.
"Ole, lê, ola lá, Romário vem aí o bicho vai pegar!".
Com aquele sorriso maroto, o Baixinho esticou os dois braços para cima. Como nos velhos tempos. O clima de rivalidade estava instaurado, claro. Os rubro-negros provocavam o vascaínos com o rebaixamento. Renato Gaúcho e Conca, recém-contratados pelo Fluminense, eram vaiados a cada toque na bola pelo time rival a . E houve xingamentos ao clube tricolor pelo ocorrido no STJD.
Mas era dia de festa e qualidade não faltava no gramado, bem desgastado. Júnior, Tita, Nunes, Djair, Alcindo, Leonardo, Adílio, uma velha guarda boleira ainda estava em campo. Acompanhado de novatos como Elias, Rafinha, Hernane, Felipe, Emerson Sheik e Walter. Apesar de tantos nomes, era mesmo a cada toque de Zico na bola, carregando-a em direção vertical, rumo ao gol, que suspiros brotavam da arquibancada. Pareciam os saudosistas. Não eram. No fundo, era o velho estádio, sufocado pela modernidade, com lágrimas nos olhos por reviver uma tarde como nos seus tempos mais gloriosos.

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