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Principal suspeito da morte da médica Juliana Ruas El Aouar, morta em um hotel de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, em setembro, o marido dela, o ex-prefeito da cidade mineira de Catuji, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, foi indiciado pela polícia por homicídio qualificado com dolo eventual. Já o Ministério Público denunciou o suspeito por feminicídio.
A Polícia Civil do Espírito Santo informou que o inquérito foi concluído no último dia 4 de outubro. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) ofereceu denúncia à Justiça nesta quinta-feira (18).
O MPES ajuizou a ação penal por meio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Colatina, em face de Fuvio Luziano Serafim, pela prática das condutas de feminicídio qualificado pela asfixia, fraude processual majorada e consumo partilhado de drogas.
Já o homicídio com dolo eventual (denúncia feita pela polícia), segundo o código penal, ocorre quando o agente não tem a intenção direta de causar a morte da vítima, mas assume o risco de produzir esse resultado.
Além de Fuvio, o motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, que também estava presente na cena do crime, foi indiciado por fraude processual.
Em contato com o advogado Tárcio Leite de Almeida, que fez a defesa dos dois acusados na audiência de custódia, o criminalista informou que a família de Fuvio ainda aguarda por mais informações sobre a denúncia para tomar decisões.
O advogado Adalto Tristão Dias, que foi contratado pela família da médica para atuar no caso ao lado do advogado Eliezer Vieira, afirmou que precisa conhecer melhor o teor da denúncia e que seria prematuro emitir algum posicionamento sobre o inquérito policial.
O ex-prefeito da cidade de Catuji (MG), Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, e o motorista dele, Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, presos suspeitos de matar a médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça do Espírito Santo.
Na ocasião do crime, o ex-prefeito foi autuado em flagrante por feminicídio e o motorista por homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Ambos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Colatina, onde permaneciam presos até a publicação desta reportagem.
Em sua decisão, o juiz João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga destacou a existência de prova do crime e indícios da autoria de Fuvio e Robson.
"Trata-se de crime de homicídio (feminicídio), perpetrado de maneira fria e desprezível, imputado ao marido da vítima e ao outro custodiado. Conforme laudo apresentado pelo SML, a vítima sofreu diversas (graves) lesões, sendo as causas da morte, hipoxemia, asfixia mecânica, broncoaspiração e traumatismo cranioencefálico, informou o juiz.
No processo da audiência de custódia consta ainda que no quarto do hotel foram apreendidos diversos medicamentos, entre eles, morfina, clonazepan, dormonid, jardiance, seringas, agulhas e na janela abaixo do quarto parte de um vidro do medicamento kentamina. Também foi encontrado um "pó branco" que foi encaminhado para análise.
"Em razão da reprovabilidade das condutas em tese praticadas pelos autuados e para a garantia da ordem pública, entendo que a segregação cautelar é medida que se impõe no presente caso", justificou o juiz em sua decisão.
De acordo com dados da plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Fuvio foi prefeito de Catuji por dois mandatos consecutivos. O primeiro, em 2012, recebeu 4.051 votos. No segundo, em 2016, 3.286.
Juliana e Fuvio moravam na cidade mineira Teófilo Otoni, mas estavam hospedados no hotel em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. No quarto ao lado, estava o motorista do casal.
Juliana era médica em Teófilo Otoni e o pai dela, Samir El-Aouar, é ex-prefeito da cidade e atua na mesma profissão. Nas redes sociais, o ex-prefeito celebrou a data do casamento com a médica no dia 17 de novembro de 2018.
O crime: entenda como tudo aconteceu
Juliana Pimenta Ruas El Aouar foi encontrada morta na manhã de sábado (2 de setembro) em um quarto de hotel de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, onde o casal estava hospedado.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, o cenário encontrado pelos peritos foi o quarto todo revirado, sangue nas roupas de cama e a médica toda machucada.
Consta ainda no documento que os peritos encontraram vidros de remédios quebrados e a janela do quarto onde o casal estava aberta, o que levou os profissionais a verificaram se se havia sido jogado para fora do espaço.
Os peritos encontraram, então, um medicamento de uso controlado, indicado como agente anestésico único para procedimentos cirúrgicos e diagnósticos que não necessitem de relaxamento muscular esquelético. O produtos estava no estacionamento do hotel, exatamente embaixo do quarto do casal.
No atestado de óbito da médica, as causas da morte apontadas são:
Hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue)
Asfixia mecânica
Broncoaspiração (entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória)
Traumatismo cranioencefálico (lesão física ao tecido cerebral que, temporária ou permanentemente, incapacita a função cerebral)
Segundo a Polícia Militar, uma equipe foi acionada para verificar a informação de que teria acontecido um homicídio nas dependências do hotel. Quando os policiais chegaram ao local, o gerente do estabelecimento disse aos militares que havia uma hóspede em um quarto com o marido e, em outro quarto, estava o motorista do casal.
Ainda de acordo com o relato aos policiais, o gerente do hotel disse que, durante a madrugada, outros hóspedes reclamaram de barulho e bagunça no quarto do casal. Já pela manhã, Fuvio compareceu à recepção do estabelecimento, bastante alterado, querendo pagar a conta, alegando que a esposa estava passando mal e teria desmaiado. Neste momento, foi feito contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito no local.
De acordo com boletim, o marido da médica e o motorista do casal deram versão diferentes sobre a morte de Juliana.
Consta no documento que um agente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Colatina compareceu ao local do fato para realizar as diligências. Ao questionar Fulvio sobre o que teria acontecido dentro do quarto, o esposo relatou que a médica teria passado por um procedimento cirúrgico em um hospital particular da cidade na sexta-feira (1º), e que, após isso, os dois teriam ido a uma churrascaria. Segundo o esposo de Juliana, ela estava feliz e ambos foram dormir às 20h.
O marido da médica ainda relatou que, quando acordou por volta de 8h de sábado, encontrou a esposa desmaiada na cama, possivelmente já morta, e foi orientado pelo Samu a colocá-la no chão do quarto para tentar reanimá-la.
Em contrapartida, ainda segundo o boletim de ocorrência, o motorista do casal relatou uma versão diferente, no qual teria sido chamado pelo marido de Juliana para ir ao quarto onde os dois estavam hospedados, pois a média havia caído no banheiro e precisava de ajuda.
O ex-prefeito e o motorista do casal foram encaminhados à Delegacia Regional de Colatina.
G1 Espírito Santo - Norte e Noroeste
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