sábado, 30 de maio de 2020

Cruzeiro excluiu 30 conselheiros, mas 22 remunerados escaparam; Dalai cita ausência de "má-fé"

Cruzeiro
Foto: Bruno Haddad - José Dalai Rocha (detalhe)
Relatório da Kroll aponta que clube pagou mais de R$ 6 milhões a empresas ligadas a 52 conselheiros, entre dez/2017 e dez/2019, mas apenas 30 deles foram excluídos O relatório de investigação interna realizado pela Kroll apontou que o Cruzeiro havia feito pagamentos a empresas vinculadas a 52 conselheiros, "apesar de o Estatuto Social do clube vedar esse tipo de relação". Por outro lado, apenas 30 conselheiros foram notificados de "infração grave" e excluídos do quadro após parecer da comissão de ética e crivo do presidente em exercício José Dalai Rocha. Na matemática, 22 nomes "escaparam" da exclusão. O levantamento, segundo a empresa de investigação, foi entre 1º de dezembro de 2017 (ano ainda da gestão de Gilvan de Pinho Tavares, mas com Wagner já eleito) e 31 de dezembro de 2019 (último de Wagner Pires de Sá). 

O relatório mostrou que foram gastos R$ 6.068.078,33 com os 52 conselheiros, sendo que 12 deles receberam acima de R$ 10 mil e, conjuntamente, "perfazem 83% do total pago do valor a esta categoria". Mas somente 30 deles foram excluídos através da argumentação de infração ao artigo 19, parágrafo segundo, do estatuto social, que reza: É vedada a remuneração dos membros da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo e de Conselheiro do Cruzeiro Esporte Clube. Em alguns casos, conselheiros pediram suspensão dos mandatos para continuar recebendo como prestadores de serviço ou funcionários do clube, e também estiveram ausentes da lista dos 30. Mas, não foram 22 que fizeram este tipo de ação. A decisão de não excluir outros conselheiros que estiveram na folha de pagamento do clube foi abordada pela reportagem com o presidente interino e também presidente do conselho, José Dalai Rocha. 

Segundo ele, alguns dos conselheiros remunerados não tiveram a suspensão do mandato porque não foi identificada má-fé nos serviços prestados. - Por enquanto, sim (escaparam da exclusão). As razões são diversas, mas a maioria baseada em não comprovação de má-fé, ou seja, teria sido prestação de serviço em evidente benefício para o Cruzeiro. Mesmo quando foram excluídos aqueles 30 conselheiros, dois ou três escaparam sob fundamento semelhante - disse Dalai, ao GloboEsporte.com, por meio de mensagem. 

 A "má-fé", contudo, não foi o argumento usado nas cartas de decisão emitidas aos conselheiros excluídos, como mostra o teor de uma delas. Mas sim o artigo 18 do estatuto, que trata da perda de mandato de conselheiros em caso de falta de natureza grave, assim considerada pela comissão de ética. Entre os conselheiros excluídos estão Gustavo Perrella e Sérgio Nonato. O primeiro é filho do ex-mandatário Zezé Perrella e sócio de uma empresa que assinou contrato de prestação de serviços com o Cruzeiro em 2019. O distrato entre as partes, inclusive, foi testemunhado em contrato justamente por Sérgio Nonato, ex-diretor-geral da Raposa. Ambos, ao lado de outros 27 nomes dos 30 excluídos; entraram na Justiça para anular o processo de infração grave detectado pela comissão de ética do conselho. 

Eles conseguiram liminar favorável e tiveram direito a voto nas eleições presidenciais e da mesa diretora do conselho no último dia 21. A exclusão ou não dos 30 nomes ainda será apreciada pela Justiça, após a tutela antecipada concedida. Na semana passada, o recém-eleito presidente do conselho deliberativo, Paulo César Pedrosa, ainda que conflitando informações, abordou o tema da lista dos excluídos ser menor do que a quantidade apontada pela Kroll: "A Kroll disse que não foram 30 conselheiros afastados. Foram 52. Dá o nome dos outros 22 que faltaram... A torcida, como eu que sou torcedor, quer saber quem são os outros 22 conselheiros. Cadê eles? E tem dois lá que o conselho gestor não puniu. Por quê? Porque (o contrato) estava no nome da mulher deles". 

Globo Esporte

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