quarta-feira, 29 de maio de 2019

Representantes de atletas citados em contrato do Cruzeiro com empresário evitam comentários

Atacante David, do Cruzeiro — Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Partes de direitos econômicos de dez jogadores foram usados, inicialmente, como pagamento de um contrato feito entre Cruzeiro e o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado por um empréstimo de R$ 2 milhões. O clube mineiro alega que os atletas foram dados como "garantia" da quitação da dívida. Um novo contrato entre as partes foi feito um dia após a veiculação da reportagem com documentos obtidos pelo Grupo Globo. Só dos valores das negociações de Vitinho e Gabriel Brazão, o empresário já levaria mais que o dobro do valor que emprestou ao clube.

A venda de Vitinho ao Cercle Brugge, da Bélgica, em 2018, foi feita por R$ 10 milhões. A quantia da negociação renderia R$ 2 milhões a Cristiano e já seria suficiente para pagar o empréstimo. O goleiro Brazão também foi vendido no final daquele ano, por R$ 10,5 milhões, ao Parma, da Itália, valor que renderia R$ 2,10 milhões ao empresário. Só com os dois, o montante que seria repassado Cristiano Richard chegaria R$ 4,1 milhões.

A situação envolveu outros oito jogadores, sendo quatro do profissional e quatro da categoria de base do clube mineiro. Familiares e pessoas que representam os atletas citados acompanharam a reportagem. O Grupo Globo procurou os representantes dos jogadores que, em sua maioria, disseram não saberem, até então, da existência do contrato e preferiram não comentar o caso, por envolver o Cruzeiro e os direitos econômicos que estão em sua posse.

A lista dos jogadores que teriam os direitos repassados:

•David Correa da Fonseca (David) – 20%

•Alejandro Santana Viniegra – 20%

•Marco Antonio de Oliveira Coelho – 20%

•Carlos de Menezes Júnior (Cacá) – 20%

•Julio Cesar Pereira – 20%

•Victor Alexandre da Silva (Vitinho) – 20%

•Gabriel Nascimento Resende Brazão – 20%

•Estevão William A. de Oliveira Gonçalves – 20%

•Raniel Santana de Vasconcelos – 5%

•Murilo Cerqueira Paim – 7%

O que disseram os representantes?

Empresário dos atacantes David (seria repassado 20% dos direitos) e Raniel (5%), Francisco Godoy disse que não cabia a eles comentar sobre o assunto.

- Isso é um caso que cabe ao Cruzeiro responder a vocês. Não cabe a nós, empresário, atleta, cabe ao clube que tem os direitos. Não chegamos a conversar com o clube, porque é uma situação que eles têm contrato com o clube. Não cabe a nós.

Já o representante do zagueiro Murilo (seria repassado7%), Thassilo Soares, disse que eles tinham a ciência de que uma parte do percentual dos direitos de Murilo tinha sido dado como “garantia”, apesar de o contrato anterior com Cristiano não falar em garantias.

- Tinha ciência que o Cruzeiro tinha dado percentual de garantia. O percentual é deles, podem fazer o que quiser. Fomos comunicados, depois não falei mais com o Cruzeiro sobre o assunto, não conversei com ninguém. Não temos muito o que discutir, porque os direitos econômicos são do Cruzeiro. Então, nem tem como te opinar. Nem sabia para quem era e nem como era - disse o empresário.

O outro jogador do profissional que teve os direitos econômicos citados foi Cacá - 20% dos direitos. Uma pessoa ligada ao atleta, que preferiu não se identificar, disse que tanto ele, como o jogador não sabiam da situação.

Os atletas da base

Todos os atletas da base teriam 20% dos direitos econômicos repassados. O representante do meia Marco Antônio, do Sub-20 do Cruzeiro, Luciano Brustolini, disse que a família do meia, que recentemente renovou contrato com o Cruzeiro, perguntou sobre a situação, mas o assunto não cabe a eles.

- Eu não sei falar nada sobre isso, é o que posso te falar. Fui imediatamente questionado pela família do atleta, porque a gente representa o jogador com o Cruzeiro. Mas disse que não tinha nada a dizer sobre isso. Não conversamos com o clube nem antes e nem depois. Entendemos que é um assunto que não devemos interferir neste momento.

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Ricardo Sarti é empresário do atacante Alejandro, do Sub-17 do Cruzeiro, e que até atuou no profissional do clube na última rodada do Brasileiro do ano passado, no jogo contra o Bahia, em Salvador.

- Não fomos informados, mas é algo particular do clube. Jogador é funcionário do clube, está muito bem lá. É uma situação do clube, que é muito correto com a gente, fomos muito bem recebidos. Não consigo fazer um julgamento sobre isso. Eu prefiro não comentar sobre a situação, porque ainda não tive um contato com o clube.

O representante do lateral Júlio César não foi encontrado para comentar sobre o assunto. O caso mais grave é do garoto Estevão William, de 12, que ainda não pode ter contrato profissional com o Cruzeiro. O pai do garoto, Ivo Gonçalves, novamente disse, em contato com a TV Globo, que não sabia da existência do contrato e que ainda não foi procurado pelo Cruzeiro para tratar do assunto, mas quer sentar com a diretoria para entender toda a situação.

https://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/representantes-de-atletas-citados-em-contrato-do-cruzeiro-com-empresario-evitam-comentarios.ghtml

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