quinta-feira, 14 de março de 2019

Vereador é preso em desdobramento de operação que apura manipulação de salários de servidores em Ipatinga

Divulgação
José Geraldo Andrade (PT do B) é o quarto vereador preso pela operação Dolos, que foi desencadeada em fevereiro; vereadores visavam enriquecimento e fortalecimento nas eleições, dizem investigadores.

O vereador José Geraldo de Andrade (PT do B), de Ipatinga, foi preso nesta quinta-feira (14) em um desdobramento da operação Dolos, que apura manipulação de salários de servidores, em um esquema em que os vereadores da cidade exigiam parte dos salários de seus assessores. Ele é o quarto parlamentar preso na operação que foi desencadeada em fevereiro.

A prisão ocorreu no fim da manhã, no Distrito Industrial da cidade. O vereador foi conduzido para a sede do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) para ser ouvido. Simultaneamente à prisão, uma equipe do Gaeco cumpriu mandado de busca e apreensão no gabinete do parlamentar.

Além de José Geraldo, estão presos na Penitenciária Dênio Moreira, em Ipaba, os vereadores Luiz Márcio Rocha (PTC), Rogério Antônio Bento (ex-PSL) e Wanderson Gandra (PSC). O G1 procurou o gabinete do vereador José Geraldo de Andrade, mas não conseguiu contato até esta publicação.

Vereador foragido da Justiça

Outro investigado no esquema, o parlamentar Paulo Reis (PROS) é considerado foragido da Justiça; um assessor dele foi preso no início da operação. A assessoria do parlamentar protocolou um pedido de renúncia nesta quinta-feira na Câmara Municipal, mas, conforme determina a lei, só após a publicação do pedido ele deixa de compor o Legislativo.


Uma Comissão Processante (CP) deve ser instaurada na Câmara Municipal para avaliar a condição dos vereadores investigados na operação Dolos, se houve quebra de decoro por parte dos parlamentares e, por consequência, tratar da manutenção deles no quadro de vereadores da Câmara. A comissão terá 90 dias para apresentar um relatório e após a apresentação haverá votação no plenário para eventual cassação dos mandatos dos parlamentares.

Entenda o caso

A operação Dolos é uma ação em conjunta do Ministério Público, Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), polícias Civil e Militar. Segundo as investigações, vereadores de Ipatinga contratavam assessores e exigiam deles parte do salário de volta. Além de Wanderson Gandra, estão presos na Penitenciária de Ipaba os vereadores Rogério Antônio Bento (sem partido) e Luiz Márcio Rocha (PTC), além de um chefe de gabinete; o vereador Paulo Reis (PROS) é considerado foragido da Justiça.

De acordo com o MP, o esquema para arrecadar a verba acontecia de mais de uma maneira. A primeira delas no recebimento e entrega de valores em espécie ao representante do Legislativo por parte do funcionário contratado. A segunda modalidade era a retenção do cartão bancário, com o repasse de pequeno valor ao funcionário e manipulação na folha de ponto; muitos destes funcionários, segundo o Gaeco, eram "fantasmas". A terceira, o vereador determinava a realização de empréstimos bancários por parte de servidores com o saque e transferência para contas de interpostas pessoas que eram usadas como laranjas visando maquiar o real destino dos valores.

De acordo com o Ministério Público, além do enriquecimento ilícito, o dinheiro exigido dos assessores servia para fortalecimento dos vereadores em bairros, visando as eleições municipais. Ao todo, 12 pessoas foram denunciadas na operação, entre vereadores, assessores, contadores, corretores de imóveis e comerciantes.

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